Internacional
Militares dão golpe de Estado e depõem presidente na Guiné
Oficiais capturam presidente, Alpha Condé e anunciam mudanças na estrutura do Estado e toque de recolher
Militares deram um golpe de Estado na Guiné, neste domingo (5) na capital, Conacri. Ao tomarem o poder, anunciaram em um comunicado televisivo a dissolução das instituições, o fechamento das fronteiras aéreas e terrestres e um toque de recolher que passa a valer em todo território nacional.
O então presidente, Alpha Condé, de 83 anos, é um veterano da política, no poder desde 2010. Ele foi o primeiro presidente eleito democraticamente depois de anos de governos autoritários. No ano passado, ele aprovou uma nova Constituição que permitia sua reeleição ao 3º mandato, o que provocou uma crescente insatisfação do povo frente ao seu governo, deixando-o cada vez mais isolado politicamente.
Depois de terem capturado Condé e tomado Conacri, oficiais divulgaram um vídeo dele sentando em um sofá a fim de demonstrar que ele está sendo bem tratado. Além disso, as forças militares dissolveram a Constituição promulgada em 2020, anunciaram a substituição de prefeitos e ministros por militares e convocaram uma reunião com líderes das instituições políticas. Deixaram claro que qualquer figura que negar comparecer à reunião será interpretado como rebelde.
Apesar de as ruas terem amanhecido vazias nesta segunda-feira (6), os militares foram aplaudidos em algumas regiões do país, onde há forte presença da oposição. O golpe não foi bem recebido na comunidade internacional, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou a atitude, assim como a União Africana e Comunidade Econômica dos Estados na África Ocidental (CEDEAO).
Em comunicado oficial, os militares informaram que ficarão no poder por um momento transitório. O golpe foi impulsionado pela severa crise econômica que o país atravessa, agravada ainda mais pela pandemia da Covid-19. Segundo o tenente-coronel Mamady Dumbuya, a tomada do poder procura evitar o “desperdício financeiro, pobreza e corrupção endêmica”, que ocorriam durante os anos de governo de Condé, assim como “a instrumentalização da justiça e o desprezo dos direitos dos cidadãos”. Outros dois golpes militares aconteceram recentemente em países da África Subsaariana: Mali em 2020 e Chade em 2021.