Internacional
Diplomacia alemã para Afeganistão deve ser “inteligente”, adverte ministra
Chefe da Defesa Annegret Kramp-Karrenbauer afirma que conversar com os talibãs não equivale a reconhecer seu regime. Prioridade seria monitorar os fundamentalistas, para evitar que Afeganistão se torne polo terrorista
A Alemanha precisará interagir com o Talibã empregando uma “diplomacia muito habilidosa e inteligente”, declarou a ministra da Defesa Annegret Kramp-Karrenbauer em entrevista à DW, nesta sexta-feira (10/09).
As conversações com o grupo fundamentalista islâmico não tiveram “nada a ver com reconhecimento diplomático” de seu regime no Afeganistão, ressalvou; porém foram necessárias para reiniciar as evacuações de residentes no país devastado pela guerra.
A política conservadora alemã emitiu esses comentários apenas horas após ser confirmado quecorrespondentes da DW e suas famílias haviam conseguido sair do Afeganistão para o Paquistão.
Na quinta-feira, cerca de 200 estrangeiros também embarcaram num voo comercial d para Doha, no Catar. Tratou-se da primeira partida de grande escala da capital Cabul, desde que os talibãs assumiram o controle do aeroporto local.
Afeganistão pode voltar a ser celeiro terrorista
A Alemanha e outros países ocidentais excluíram a possibilidade de reconhecer formalmente o governo talibã, até que este se comprometa com os direitos humanos, sobretudo das mulheres, e com o combate ao terrorismo. Por outro lado, as Nações Unidas advertiram que suspender a ajuda ao desenvolvimento pode ser um tiro pela culatra, já que a economia afegã está à beira do colapso.
Falando na véspera dos 20 anos dos atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos, Kramp-Karrenbauer frisou que “o terrorismo islamista, em particular, é um verdadeiro flagelo da humanidade”. Ela se pronunciou a favor de monitorar o Afeganistão sob regime talibã e de coibir “politicamente” a formação de novos celeiros do terrorismo internacional.
O especialista em terrorismo Peter Neumann lembra que o Talibã é composto por facções como a Rede Haqqani, estreitamente ligada à Al Qaeda, e “o fato de que o líder da Rede Haqqani seja agora o ministro afegão do Interior é o pior sinal possível que se possa emitir à comunidade internacional”.
Segundo o perito alemão, ainda é impossível prever qual facção ganhará a primazia: “Espero seriamente que sejam os pragmatistas, mas a esta altura não podemos excluir a possibilidade de que o Afeganistão volte a se tornar um porto seguro para a Al Qaeda ou o ‘Estado Islâmico’ (EI).”