ECONOMIA
Entenda por que a gasolina está tão cara
Em agosto, o valor médio do litro foi de R$ 5,90 e, em algumas capitais, chegou a R$ 7
O preço da gasolina vem alcançando patamares inéditos desde o início do ano. No mês de agosto, o valor médio do litro do combustível foi de R$ 5,90 e, em algumas capitais do Brasil, já é vendido a R$ 7. A alta no custo é o resultado de uma série de variáveis, mas, em especial, o preço do barril do petróleo e a taxa de cotação do dólar.
— Em 2016, a política de preços do petróleo no Brasil passou a acompanhar o preço internacional, que leva em consideração um conjunto de fatores, entre eles o câmbio do dólar. Se sobe o dólar, o preço do barril no mercado internacional aumenta e isso se reflete no nosso mercado interno – explica Ricardo Balistiero — economista e Coordenador do Curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
À margem dessas duas principais variantes, acrescenta Ricardo, está a correção tributária. Os quatro tributos – ICMS, PIS, COFINS e CIDE – são responsáveis por 40% do preço total da gasolina vendidas nos postos. Em seguida, estão a política de preços do petróleo (36%), a margem de lucro das distribuidoras e revendedores de combustíveis (9%) e o preço do etanol (15%).
“A carga tributária não responde por todo o preço da gasolina, mas é alta. No entanto, não é vilã. Em abril de 2020, a política de preço do petróleo respondia por 17% do preço da gasolina. Em abril deste ano, ela bateu 36%. O valor dobrou por conta do aumento do preço do barril e da alta do dólar”
Ricardo Balistiero, economista e Coordenador do Curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)
Além do câmbio, os fatores geopolíticos também são grandes influenciadores do custo, O aumento do preço do barril no cenário internacional aconteceu porque, no 1º trimestre de 2020, ele sofreu uma forte queda por conta da pandemia do novo coronavírus. Com a retomada econômica da Ásia e dos Estados Unidos, o preço se recuperou. Por conta disso, Ricardo não vê um novo aumento a curto prazo.
— Tivemos um salto forte nos últimos doze meses. Não acredito em novos aumentos, a menos que aconteça alguma coisa no Oriente Médio ou na Rússia, que é um player importante e fator de instabilidade. Uma aposta a médio prazo seria uma pequena queda no preço para 2022, levando em consideração que haja aumento de oferta e isso gera recuo nos preços – aponta ele, acrescentando que outra solução para a redução do preço seria o recuo do dólar.