ESTADO
Algodão orgânico irrigado aponta perspectiva para o Cariri paraibano
O Projeto Algodão Orgânico Ater Paraíba está dando novo impulso à retomada da cultura no Estado, desta vez sob regime de irrigação. Na semana passada, foi implantado em São Domingos do Cariri, no Cariri paraibano, o primeiro projeto orgânico irrigado na agricultura familiar, utilizando as águas da transposição do Rio São Francisco.
Promovidas pelo Governo do Estado, por meio da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), vinculada à Secretaria do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), as ações para a implantação deste projeto iniciaram no mês de julho, e contaram com parcerias de prefeituras municipais. A Prefeitura de São Domingos do Cariri foi a primeira aderir à iniciativa.
Segundo o gerente regional da Empaer de Campina Grande, Francisco Ailton dos Santos, o campo irrigado mede 10 hectares de algodão plantado com a variedade BRS- 286, e toda a produção de sementes será destinada ao plantio do algodoeiro para a safra agrícola de 2022. Ele adiantou que a primeira colheita deverá acontecer dentro de 120 dias, com uma estimativa de produção de aproximadamente 2 mil quilos por hectare.
Ailton Santos avalia o projeto como uma iniciativa inovadora, especialmente neste ano devido à frustração de safra em decorrência do período de estiagem. Disse que não houve perspectiva de produção do algodão de sequeiro com a frustração de plantio, na agricultura, que afetou também a pecuária regional. “De maneira geral, nos 22 municípios que compõem a nossa região, infelizmente não houve plantio de algodoeiro. Estamos agora, iniciando esse plantio em São Domingos do Cariri, de forma irrigada e esperamos obter uma semente de boa qualidade”, observou.
Maysa Gadelha, uma das principais articuladoras do projeto, junto com a Secretaria de Agricultura de São Domingos do Cariri e as sete famílias agricultoras participantes, disse estar otimista com a iniciativa. Segundo ela, há perspectiva de expansão para outras localidades, a partir da utilização das águas do Rio São Francisco. “Existe pouca agricultura familiar irrigada na Paraíba. Agora, depois da transposição do Rio São Francisco e a certeza de podermos utilizar essa água para irrigação, a gente pode abrir espaço para a nova modalidade de produção, que seria o cultivo do algodão orgânico da agricultura familiar em áreas irrigadas”, disse, acrescentando que a Norfil, uma das empresas compradoras do algodão orgânico no Estado, “tem grande interesse no plantio do algodoeiro orgânico irrigado”.
Para Maysa, a produção de uma semente de excelente qualidade está garantida, já que o novo projeto conta com acompanhamento técnico continuado da Empaer, executora do Projeto Algodão Orgânico Ater Paraíba. “Esperamos que em 2022, além de não sofrermos com a seca que ameaça os algodoeiros, tenhamos uma semente de ótima qualidade”.
Oficina – Até o final deste mês, a Empaer realizará uma oficina sobre preparo de biofertilizantes e defensivos naturais para ensinar aos agricultores integrantes do projeto a produzirem seus próprios produtos. O objetivo, segundo o extensionista Geneilson Evangelista, responsável pela condução desta ação, desde o preparo do solo à comercialização, é socializar as técnicas de preparo de defensivos e adubos naturais, visando com isso uma produção dentro dos padrões para certificação orgânica.
Ele adiantou que, após a oficina, “os agricultores poderão produzir e combater as pragas e doenças que possam vir ocorrer nas lavouras de algodão, de forma mais econômica e dentro das normas técnicas exigidas para certificação orgânica”.
Nesta fase, integram o projeto os seguintes produtores: Lucio Fabio, Sítio Malhada das Aroeiras; Pedro Filho, Sítio Porteiras; Eduardo Roberto, Sítio Malhada do Meio; Jorge Gomes, Sítio Malhada do Meio; José Pereira Sobrinho, Sítio Malhada do Meio; Ivan Pereira, Sítio Barro Vermelho e Marcelo Augusto Gonçalves, Sítio Melo.