Saúde
Carboidratos não fazem engordar e não ajudam a emagrecer, dizem cientistas
Os “carboidratos rápidos” não são mais eficazes do que os “carboidratos lentos” para levar ao ganho de peso e nem a perda de peso induzida por dieta.
Carboidratos e peso corporal
Cientistas e nutricionistas têm dito que os alimentos com alto índice glicêmico promovem o armazenamento de gordura e aumentam o risco de obesidade, causando um rápido aumento no açúcar no sangue e na secreção de insulina
E eles têm dito também que os alimentos com baixo índice glicêmico fazem o oposto.
Para ver quais são as evidências científicas que poderiam dar suporte a essas afirmações tão difundidas, pesquisadores fizeram uma análise abrangente em 43 amostras de voluntários, compreendendo quase dois milhões de adultos, analisados em 34 estudos diferentes, para avaliar se o índice glicêmico da dieta de fato afeta o peso corporal.
A conclusão foi taxativa: O índice glicêmico dos alimentos não afeta o peso corporal.
O que os estudos mostraram é que os alimentos de alto índice glicêmico (alto IG), também conhecidos como “carboidratos rápidos”, não têm maior probabilidade de levar ao ganho de peso do que os alimentos de baixo IG, também conhecidos como “carboidratos lentos”. E a conclusão continua a mesma quando o objetivo perseguido é a busca de perda de peso pelo controle da dieta.
“Este estudo é o primeiro a demonstrar definitivamente que carboidratos rápidos não engordam,” disse o professor Glenn Gaesser, da Universidade do Estado do Arizona (EUA). “Ao contrário da crença popular [entre os cientistas e nutricionistas], aqueles que consomem uma dieta de alimentos de alto IG não são mais propensos a serem obesos ou ganhar peso do que aqueles que consomem uma dieta de alimentos de baixo IG. Além disso, eles não têm menos probabilidade de perder peso.”
Qualidades e vantagens dos carboidratos
Em termos mais simples, a conclusão geral do estudo foi que “o índice glicêmico, como uma medida da qualidade dos carboidratos, parece ser relativamente sem importância como um determinante do IMC [índice de massa corporal] ou perda de peso induzida pela dieta,” escreveu a equipe.
- Nos 27 estudos de coorte que relataram resultados de comparações estatísticas, 70% mostraram que o IMC não era diferente entre os grupos de IG alimentar mais alto e mais baixo (12 de 27 coortes) ou que o IMC era menor no grupo de IG alimentar mais alto (7 de 27 coortes).
- Os resultados de 30 meta-análises de 8 publicações demonstraram que as dietas de baixo IG geralmente não eram melhores do que as dietas de alto IG para reduzir o peso corporal ou a gordura corporal.
- Embora as dietas de baixo IG – com um IG dietético pelo menos 20 unidades menor do que a dieta de comparação – resultaram em maior perda de peso em adultos com tolerância normal à glicose, isso não aconteceu em adultos com tolerância diminuída à glicose.
“A revisão questiona a premissa de que dietas de baixo IG levam a resultados de controle de peso substancialmente melhores e nos lembra das muitas outras qualidades dos carboidratos que são muito mais importantes a serem consideradas: Por exemplo, densidade de nutrientes, fibra dietética e conteúdo de grãos inteiros, e porcentagem de açúcar adicionado,” disse Siddhartha Angadi, da Universidade da Virgínia (EUA).
De acordo com os autores, o estudo também destaca a necessidade de pesquisadores e comunicadores de nutrição estarem atentos aos muitos nutrientes positivos com que os alimentos básicos com carboidratos contribuem para a qualidade da dieta, bem como os nutrientes negativos que os alimentos indulgentes geralmente contêm, quando forem comunicar à população a qualidade, as vantagens e desvantagens dos carboidratos.