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Projeto incentiva prática da escrita e leitura entre reeducandos da Capital
Com apoio da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap), a Universidade Federal a Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) realizam, desde o início de 2019, o projeto de extensão universitária “Entre Nós: cartas, palavras e conversas”. A atividade educacional ocorre na Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes, na Capital, e, na manhã dessa segunda-feira (13), 12 reeducandos receberam o certificado. Essa turma participou do projeto entre março e agosto de 2021, com carga horária de 192 horas.
O trabalho consiste na troca de cartas entre os reeducandos e pessoas voluntárias, a exemplo de professores e estudantes universitários. Um detalhe importante é que todo material escrito é lido por uma equipe de segurança antes de ser destinado, para evitar que mensagens ou textos que não sejam especificamente relativos à temática educacional sejam repassados.
Na entrega dos certificados, os policiais penais Leonardo Novaes, diretor da unidade prisional, e Breno Cavalcanti, diretor da Escola Estadual Graciliano Ramos, instalada no presídio Sílvio Porto, representaram a Seap.
A coordenação do projeto é do professor da UFPB, Timothy Denis Ireland, e da professora Aline Campos. Nas trocas de correspondências, os reeducandos escrevem poemas, textos em prosa, onde expressam um pouco sobre sua pessoa, seus projetos. Eles têm como um dos benefícios a remição da pena pela leitura.
O diretor da Penitenciária Romeu Gonçalves Abrantes, Leonardo Novaes, enfatizou que a educação transforma pessoas. “É um instrumento de dignidade humana. Há três anos, a unidade prisional só contava com um círculo educacional com 12 alunos, e esse número hoje foi mais que dobrado. A unidade obeteve o maior índice de aprovação no Enem PPL, cerca de 62% dos inscritos foram aprovados. E em breve reeducandos desta unidades estarão cursando cursos de nível superior”. Leonardo agradeceu a todos de sua equipe pelo empenho no processo de reinserção social de pessoas privadas de liberdade, como também aos secretários Sérgio Fonseca e João Paulo Barros, pelo apoio.
Breno Cavalcanti, policial penal e diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Graciliano Ramos, que funciona no presídio Sílvio Porto e abrange 11 unidades prisionais de cinco cidades, é um entusiasta da educação em prisões e avalia que o projeto “Entre Nós: Cartas, palavras e conversas” é mais uma boa prática de resultados positivos.
“São coisas que a gente vai construindo aos poucos mas me enchem de satisfação, são pequenas iniciativas que vão se tornando grandes com o passar do tempo e que têm um reflexo extremamente positivo não somente na vida do preso mas também no sistema prisional como um todo”.
Três alunos da Escola Graciliano Ramos conquistaram recentemente o 1º, 2,º e 3º lugares no concurso de redação da Defensoria Pública da União (DPU).
O professor Timothy Denis Ireland lembra que tudo começou em 2019 com a leitura presencial na Paraíba e no Estado de Tocantins. Com a pandemia, surgiu, em 2021, a versão virtual, com a troca de cartas entre os apenados e os voluntários, os chamados correspondentes extramuros. Cada mês foi trabalhado um tema específico, isto no período de seis meses quando foram produzidos seis livretos. O primeiro módulo foi concluído agora. Cada apenado recebe o livreto e caneta e papel para escreverem as cartas. Alguns dos correspondentes extramuros são de outros estados da Federação.
A parceria envolve a UNESCO, o Governo do Estado e os voluntários de várias instituições. “Uma das questões foi muito de ter alguém que escuta, então esse processo de carta tem sido muito positivo e ajuda na escrita das pessoas que têm dificuldade”, avalia o professor Timothy. Todas as cartas e livretos somente são liberados após análise da direção do presídio.