CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Consumidores carecem de informações sobre descarte de lixo eletrônico
Pesquisa da Green Eletron com mais de 2 mil brasileiros aponta falta de conscientização como obstáculo para reciclagem dos resíduos eletroeletrônicos
Somente 3% de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos descartados no Brasil foram reciclados em 2019. Diante desse cenário, a pesquisa “Resíduos eletrônicos no Brasil – 2021”, encomendada pela Green Eletron, gestora sem fins lucrativos de logística reversa de eletroeletrônicos e pilhas, e conduzida pela Radar Pesquisas, revela que brasileiros ainda não sabem o que é esse resíduo e como descartá-lo, o que contribui para a baixa taxa de reciclagem.
Um terço dos entrevistados (33%) relaciona o lixo eletrônico com o meio digital, como spam, e-mails, fotos ou arquivos. Já 71% dos brasileiros acreditam que não há muita informação na mídia sobre o assunto. A maioria dos respondentes (87%) do estudo guarda algum tipo de eletroeletrônico sem utilidade em casa, sendo que mais de 30% mantêm esses equipamentos por mais de um ano. Os dados d apontam que 87% dos entrevistados já ouviram falar em lixo eletrônico e 42% dos relacionaram o conceito aos aparelhos quebrados.
E quanto menor a idade, maior a desinformação. Os jovens entre 18 e 25 anos sabem menos o que é lixo eletrônico: 14% contra 5% dos adultos de 26 a 45 anos e 3% dos mais experientes (46 a 65 anos). Por outro lado, os mais novos associam menos o lixo eletrônico ao spam (28%), contra 36% e 31%, respectivamente.
A falta de informações reflete na conscientização da população. “Como o público é parte fundamental no processo de logística reversa e reciclagem, esse cenário precisa mudar, por isso essa pesquisa é tão importante”, analisa Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron.
O executivo lembra que o descarte e manuseio incorreto desses equipamentos pode comprometer tanto a saúde humana quanto a do meio ambiente devido aos componentes presentes nos resíduos. “Além das possíveis contaminações de solo e água com o descarte incorreto, também há um grande desperdício, porque os materiais reciclados podem ser reutilizados em diferentes indústrias, evitando a extração de matérias-primas virgens”, explica.
Logística reversa
A logística reversa e a reciclagem são compromissos legais do setor de tecnologia. Em 2019, a Green Eletron assinou o Acordo Setorial para a Logística Reversa de Produtos Eletroeletrônicos, um documento complementar à Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Desde então, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes do setor devem cumprir diversas metas. “De forma individual ou coletiva as empresas devem, gradualmente, entre 2021 e 2025, instalar mais de 5 mil PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base”, detalha Brescansin.
Atualmente, a Green Eletron possui mais de 7 mil coletores de pilhas, baterias e eletroeletrônicos espalhados pelo Brasil. Em cinco anos, a gestora recolheu mais de 2,3 mil toneladas desse tipo de resíduo, que foram enviadas para reciclagem, evitando prejuízos ao meio ambiente.
“Como o público é parte fundamental no processo de logística reversa e reciclagem, esse cenário precisa mudar, por isso essa pesquisa é tão importante”, finaliza o executivo. A localização dos Pontos de Entrega Voluntária de eletroeletrônicos pode ser acessada pelo site.
O mapeamento foi realizado com 2.075 pessoas, entre 14 e 24 de maio. O público-alvo contempla homens e mulheres de 18 a 65 anos das classe A, B e C, segundo o Critério Brasil da ABEP, de 13 Estados e o Distrito Federal: SP, RJ, MG, ES, BA, CE, PE, RS, PR, SC, PA, GO, DF e MS.