ECONOMIA
Mansueto Almeida, hoje no BTG, é citado dentro do governo para o lugar de Guedes
Governo vê desgaste irreversível do ministro da Economia, criticado em toda a Esplanada e pelos líderes governistas no Congresso
O economista Mansueto Almeida tem sido citado dentro do governo como possível substituto de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Mansueto atuou como secretário do Tesouro Nacional até julho do ano passado. É economista-chefe do banco BTG Pactual.
Mansueto tem credibilidade e alta reputação no mercado financeiro e conhece o presidente Jair Bolsonaro. O economista é visto como a solução ideal para acalmar o mercado, dar segurança em relação às contas públicas e ajudar a reduzir o efeito político que tem elevado a cotação do dólar.
Dentro do governo, há uma maioria de ministros que reclamam da atuação de Paulo Guedes. O episódio que cita o ministro como integrante de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânica, junto de sua filha e mulher, tem sido interpretado como uma oportunidade para viabilizar a troca no Ministério da Economia.
A revelação foi feita depois da investigação internacional Pandora Papers, da qual o Poder360 participou.
As explicações até agora de que Paulo Guedes deixou de ser sócio da empresa ao assumir o governo são consideradas insuficientes pelo Planalto, ministros e por líderes governistas no Congresso.
No último sábado sábado (9), Guedes ainda não explicou como ficaram as posições de sua filha, Paula Drumond Guedes, e de sua mulher, Maria Cristina Bolivar Drumond Guedes, dentro da offshore.
O ministro também não explicou se o empreendimento no exterior fez algum investimento comprando ou vendendo papéis para fazer aplicações financeiras depois de 1º de janeiro de 2019, início do governo Bolsonaro.
De acordo com a Lei de Conflito de Interesses, um ministro como Guedes não pode atuar em empresas que possam ser eventualmente beneficiadas pelas decisões dele no governo.
Trecho da lei diz que é conflito de interesse “praticar ato em benefício de interesse de pessoa jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge, companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão”.
O Código de Conduta da Alta Administração Federal em seu artigo 5° também veda investimentos que possam ter relação com a função desempenhada dentro do governo.
O presidente da República tem ficado em silêncio até o momento, uma semana depois de revelada a existência da offshore de Paulo Guedes.
Dois filhos do chefe do Executivo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), fizeram defesas do ministro da Economia, mas foram episódios isolados e que não tiveram a repercussão necessária para reduzir a pressão sobre Guedes.
A PGR (Procuradoria Geral da República) abriu uma investigação preliminar sobre as revelações da Pandora Papers relativas a Guedes. O objetivo é apurar se o caso possui elementos suficientes que justifiquem a abertura de um inquérito formal perante o STF (Supremo Tribunal Federal).
Na 3ª feira (5.out), a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara aprovou a convocação do ministro para explicar a situação de sua offshore. Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Guedes foi convidado a falar no próximo dia 19 de outubro.
Outros nomes já foram citados para substituir Guedes, como Campos Neto, presidente do BC (Banco Central). Mas a avaliação é que, por ter mandato no BC, criado pela Lei de Autonomia do banco, é mais adequado que Campos Neto permaneça no cargo.
O nome de Gustavo Montezano, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também é citado dentro do governo.
Apesar de ser próximo da família Bolsonaro, Montezano é considerado ainda júnior para assumir o cargo de ministro.
Um termômetro do desgaste de Guedes no governo é um vídeo que circula em grupo de mensagens de ministros e altos integrantes do governo. No vídeo, é proposta a demissão “sumária” e “por justa causa” de Paulo Guedes.