Internacional
Polícia reprime protesto contra passaporte sanitário em Roma
Manifestantes, entre eles neofacistas e extremistas de direita, invadem sindicato e tentam entrar na sede do governo italiano. Ao menos 12 pessoas são detidas
A polícia da Itália dispersou neste sábado (09/10), em Roma, uma violenta manifestação contra o passaporte sanitário da covid-19, que o governo tornou obrigatório para comparecer ao trabalho. O ato teve a participação de neofascistas e extremistas de direita. Grupos de manifestantes utilizaram bombas de fumaça, tentaram abrir caminho entre a polícia até a residência oficial do primeiro-ministro, Mario Draghi, e invadiram a sede de um sindicato.
Cerca de 10 mil pessoas, de acordo com a imprensa local, se concentraram durante a tarde na Piazza del Popolo, no centro da capital italiana, para atacar as restrições impostas devido à pandemia e proferir insultos contra o governo e jornalistas.
Entre os participantes do ato estavam militantes do partido de extrema direita Forza Nuova (Força Nova), que vem sendo presença constante nesse tipo de evento.
Participantes do ato também jogaram cadeiras e entoaram gritos como “liberdade, liberdade” – eles alegam que as medidas estão coagindo as pessoas a se vacinarem.
A tensão aumentou quando manifestantes, muitos com o rosto coberto, lançaram bombas de fumaça e sinalizadores contra a sede do governo italiano, o que provocou forte reação dos policiais que acompanhavam a movimentação. Os agentes utilizaram canhões de água e cassetetes para dispersar os manifestante. Ao menos 12 pessoas foram detidas, entre elas os dois líderes do Forza Nuova, Giuliano Castellino e Roberto Fiore.
Mesmo após a confusão, algumas centenas de participantes seguiram reunidos na Via del Corso, uma das principais ruas do centro de Roma.
Invasão a sindicato
Um outro grupo chegou a ocupar a sede do principal sindicato do país, a CGIL. Draghi classificou o ato de “inaceitável”. O primeiro-ministro afirmou que todas as pessoas têm o “direito de manifestar as próprias ideias, mas sem jamais causar atos de agressão ou intimidação”.
Draghi garantiu que não dará qualquer passo atrás na implementação das medidas. “O governo continua com seu compromisso para seguir a campanha de vacinação e agradece aos milhões de italianos que se somaram a ele, devido seu senso de civismo”, afirmou.
Draghi também disse que os sindicatos garantem os direitos dos trabalhadores e que as pessoas serão punidas se tentarem intimidar os sindicalistas.
Maurizio Landini, secretário-geral da CGIL, classificou o incidente de um “ato de violência fascista, um ataque à democracia e ao mundo do trabalho”.
“Ninguém deve pensar que pode devolver nosso país ao seu passado fascista”, acrescentou Landini.
Manifestações semelhantes à registrada em Roma aconteceram em outras cidades do país, como Milão, embora com a participação de um número menor de pessoas.
Passaporte sanitário para trabalhadores
Até agora, o passaporte sanitário é exigido na Itália, por exemplo, no interior de restaurantes, cinemas ou estádios esportivos, em trens intermunicipais, ônibus e voos domésticos. No entanto, a partir de 15 de outubro, ele será obrigatório para trabalhadores, tanto de empresas privadas quanto do setor público.
A medida afeta cerca de 23 milhões de funcionários na Itália – entre os adultos, apenas aposentados, desempregados e donas e donos de casa não são afetados diiretamente.
Os trabalhadores devem comprovar que se vacinaram contra a covid-19, se recuperaram da doença ou apresentar testes negativos, que são gratuitos apenas para quem não pode se imunizar por motivos de saúde.
Quem não apresentar o documento e precisar se ausentar devido à doença não receberá pagamento nos dias em que estiver afastado. O sindicato endossa o movimento adotado pelo governo de Draghi.
De acordo com o Ministério da Saúde, quase 80% da população italiana com mais de 12 anos foi totalmente vacinada contra o coronavírus.
No total, a Itália registrou 131.274 mortes relacionadas à covid-19 e é o segundo país com mais óbitos devido à doença na Europa, atrás apenas do Reino Unido. O país já contabiliza mais de 4,7 milhões de casos até o momento.