Saúde
Nova tecnologia permite que moléculas entrem nas células com segurança
Na fotoporação, as nanofibras entram nas células após uma irradiação com laser.
Terapias celulares
Terapias baseadas em células constituem uma forma promissora de tratamento em que células geneticamente modificadas são injetadas no paciente a fim de prevenir ou tratar doenças.
Um exemplo muito citado – ainda em desenvolvimento – é o uso de células imunológicas do próprio paciente com câncer, que podem ser isoladas, geneticamente modificadas e expandidas em um ambiente de laboratório, e então reinfundidas no paciente para atacar as células tumorais.
A modificação genética das células, no entanto, depende de tecnologias que levem os “modificadores” até a célula, e façam isso com um impacto mínimo na saúde e no funcionamento da célula.
Uma das abordagens usa nanopartículas fototérmicas – que aquecem sob efeito da luz -, que entram em contato com as células e fazem furos em sua membrana externa, permitindo que as moléculas efetoras entrem. Mas esta técnica, chamada fotoporação sensibilizada por nanopartículas, traz grandes preocupações toxicológicas porque as células entram em contato com nanopartículas não degradáveis, e não sabemos o que elas fazem depois de cumprirem sua função.
Para que a linha de pesquisa das terapias celulares possa avançar, os cientistas estão desenvolvendo nanofibras biocompatíveis, que não apresentam a desvantagem da toxicidade.
Fotoporação
Uma equipe de pesquisadores da Bélgica demonstrou agora que a fotoporação com nanofibras fototérmicas de fato consegue entregar com sucesso moléculas biológicas funcionais, incluindo siRNA ou ribonucleoproteínas CRISP-Cas9 (RNPs), para células aderentes e em suspensão, incluindo células-tronco embrionárias humanas (hESC) e células T humanas primárias.
Enquanto as células eletroporadas sofreram alterações em seu fenótipo e funcionalidade, isto não aconteceu no caso das células fotoporadas, que mantiveram sua capacidade de proliferação e, no caso das células CAR-T, de matar células tumorais.
“Acreditamos que este seja um passo importante para o uso da fotoporação para a produção segura e eficiente de terapias celulares modificadas com genes,” afirmou o professor Kevin Braeckmans, da Universidade de Ghent.