Nacional
A reação de Bolsonaro no encontro de dez minutos com Fachin e Moraes
Prevaleceu o clima de que ‘quanto menos todo mundo falasse, melhor’
Próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin foi pessoalmente ao Palácio do Planalto nesta segunda-feira (7/2) entregar nas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL) o convite para sua posse. O ministro Alexandre de Moraes, próximo vice-presidente da Corte eleitoral, foi a tiracolo. Encontros com esse intuito são protocolares em Brasília, mas, diante da postura bélica de Bolsonaro em reação a decisões dos dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a agenda ganhou mais holofotes do que o comum.
No primeiro momento da agenda, Bolsonaro até tentou quebrar o gelo. Chegou a esboçar uma conversa sobre a importância de manter o diálogo, algo tão protocolar quanto a entrega do convite. Nunca é demais lembrar que o próprio presidente já fez duras críticas ao STF, atiçou seus aliados a se voltarem contra a Corte e vociferou contra ministros, incluindo Alexandre de Moraes.
Entre outras decisões, foi Moraes quem, como relator, incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fake news, a apuração que corre na Corte sobre a divulgação de informações falsas. O mandatário não gostou nada, defendeu o que chamou de “enquadramento” do ministro, e chegou até mesmo a pedir o impeachment de Moraes.
Fachin, por outro lado, foi quem deu a decisão que colocou o ex-presidente Lula de volta à disputa presidencial quando anulou as condenações do petista na Lava-Jato. Quando Fachin suspendeu uma lei de Rondônia que proibia a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático, Bolsonaro criticou o ministro: “O que tem na cabeça?”.
Por essas e outras, é normal que Moraes e Fachin não tenham o presidente em boa conta – o que é recíproco da parte de Bolsonaro. Fachin ficará no comando do TSE por seis meses e, em setembro, Moraes assume a cadeira em seguida e, para o descontentamento do presidente, será quem vai comandar a Corte eleitoral durante o pleito.
No encontro de hoje, nenhum participante quis dar passo em falso, e todos mantiveram uma distância regulamentar. A agenda foi protocolar, cerimoniosa e a jato – cerca de 10 minutos. Num encontro como esse, disse um dos assessores, quanto menos todos falassem, melhor. Como é de praxe, o presidente nunca confirma de bate pronto se vai comparecer à posse.
Estavam na sala ainda os ministros Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União) e Walter Braga Netto (Defesa), além dos três comandantes das Forças Armadas.