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Para 51%, arquivamento do caso do triplex não prova inocência de Lula, aponta pesquisa
Para 49% dos entrevistados, Moro não poderia trabalhar para consultoria americana que tinha clientes alvo da Lava-Jato
Pesquisa da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (9/2) aponta que 51% dos entrevistados disseram que o arquivamento na Justiça do caso do triplex do Guarujá não prova que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é inocente no caso. Para 30%, a decisão é prova da inocência do petista.
Entre os que revelaram a intenção de votar no presidente Jair Bolsonaro (PL), 85% disseram que o arquivamento não isentava Lula de culpa no caso. Entre os que votam no petista, esse índice era de 22%.
O levantamento também questionou se os entrevistados sabiam ou não que o arquivamento havia ocorrido. Ao todo, 50% disseram que sim e 45% responderam que ficaram sabendo naquele momento em que a pergunta estava sendo feita.
Em janeiro deste ano, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou o arquivamento do processo sobre o triplex do Guarujá. A decisão tem caráter terminativo. Em dezembro, a Procuradoria da República no Distrito Federal pediu o arquivamento do caso por conta da prescrição, isto é, fim do prazo para punição dos supostos crimes cometidos pelo ex-presidente. Esse foi o caso que levou Lula a ser preso em 2018.
A pesquisa também buscou saber dos entrevistados o que eles pensam a respeito do período em que o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) trabalhou para a consultoria americana Alvarez & Marsal, que tem como clientes empresas que foram alvo da Lava-Jato.
Para 49% dos entrevistados, Moro não podia trabalhar para esta empresa, enquanto que 30% responderam que não havia problema algum no vínculo. Entre aqueles que revelaram a intenção de votar em Lula, 54% responderam que o ex-juiz não poderia ter sido empregado na Alvarez & Marsal. Entre os eleitores de Bolsonaro, esse índice é de 48%.
Após um processo no Tribunal de Contas da União (TCU) se tornado público e uma articulação para uma CPI ser iniciada, Moro participou de uma live em que contou qual era seu salário e em que salientou que não trabalhou na consultoria com clientes que tinham sido flagradas na Lava-Jato. A pesquisa mostrou que apenas 19% ficaram sabendo da live.
O ministro Bruno Dantas, do TCU, derrubou sigilo sobre o processo que investiga a administradora Alvarez & Marsal e Moro por suspeitas de práticas ilegítimas de revolving door — quando agentes de alto escalão do Estado migram para o setor privado —, e lawfare, que seria a perseguição direcionada a investigados na Operação Lava Jato.
Com a decisão, foi exposto quanto a empresa, especializada em recuperação judicial, recebeu pelos serviços prestados como administradora judicial de todos os clientes desde 2013. No entanto, a Alvarez & Marsal não informou quanto pagara a Moro depois que ele deixou o governo Bolsonaro e passou a prestar serviços para a empresa. Ele passou dez meses no grupo empresarial após deixar o Ministério da Justiça, em abril de 2020.
O levantamento da Genial/Quaest foi registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR-08857/2022, no último dia 3. Foram feitas 2 mil entrevistas entre os dias 3 e 6 de fevereiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.