AGRICULTURA & PECUÁRIA
Por que o Brasil não produz fertilizantes?
Pesquisador de Mato Grosso apresentou contexto da situação de algumas fábricas de fertilizantes no Brasil que tornam o país dependente da importação
Atualmente o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes NPK que consome (com nitrogênio, fósforo e potássio) Tudo isso embora seja um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo. Para entender este contexto, o Giro do Boi levou ao ar nesta segunda, 14, entrevista com o doutor em zootecnia e pesquisador da Fundação MT Thiago Trento.
“O Brasil hoje importa 85% dos fertilizantes consumidos internamente. Nós consumimos anualmente mais de 55 milhões de toneladas de fertilizantes e somos os maiores importadores desse produto, brigando com os Estados Unidos. Atualmente somos dependentes de NPK, importando cerca de 90% dos fertilizantes nitrogenados, 75% dos fosfatados e 96% de potássio. Dessa forma, fica evidente a dependência da importação desses insumos”, detalhou Trento.
Em resumo, são quase um quarto de todo esse volume total que o Brasil importante via Rússia ou Bielorússia, lembrou Thiago. Daí vem a preocupação com as incertezas que são consequências do conflito recente com a Ucrânia.
FÁBRICA DE FERTILIZANTES NO BRASIL
Em seguida, Trento contextualizou a situação de algumas fábricas nacionais de fertilizantes que poderiam suprir a demanda interna. “As fábricas, na verdade, são as que eram da Petrobras. […] Fecharam na Bahia, em Camaçari, e a de Sergipe, em Laranjeiras. Elas foram hibernadas. Depois disso, em agosto de 2020, concluíram então a fase de passar essas fábricas para a Proquigel”, recordou o pesquisador da Fundação MT.
Além disso, Trento falou sobre outras duas fábricas de fertilizantes no Brasil. “Em fevereiro de 2020 também, é bom lembrar, a Petrobras fechou a planta produtora de fertilizantes nitrogenados em Araucária, no Paraná. E essa fábrica tinha capacidade para produzir diariamente 1,9 milhão de toneladas de ureia. […] Também é muito importante lembrar que a Petrobras estava construindo uma fábrica de fertilizantes em Três Lagoas-MS. E em 2020 passou para um grupo russo, que comprou essa fábrica com mais de 80% das obras concluídas”, acrescentou. “Então fica evidente que o Brasil se tornou refém desses rumos para suprir o mercado interno”, analisou.
Assim, sem a estrutura necessária, fica mais barato trazer os fertilizantes de fora do que explorar internamente.
Contudo, a própria fundação de pesquisa de Mato Grosso, a Fundação MT, está estudando estratégias seguras para reduzir adubação sem perder produtividade. Conforme adiantou Trento, a ideia consiste em aproveitar reservas do solo com alguns critérios importantes.