Internacional
UE propõe bloqueio a importações de carvão russo
Se aprovada, será a primeira vez que Bruxelas pune lucrativo setor de energia russo. Proposta, que também inclui veto de exportações da UE para Rússia, deve afetar 20 bilhões de euros em trocas comerciais
A Comissão Europeia propôs nesta terça-feira (05/04) uma nova leva de sanções ao regime de Vladimir Putin que devem incluir a proibição das importações de carvão, madeira e outros produtos russos, além do veto de exportações da União Europeia de produtos como semicondutores e computadores.
A expectativa é que as novas medidas afetem 20 bilhões de euros em troca comerciais. A proposta foi anunciada após a revelação de que Moscou teria cometido massacres de civis em áreas da Ucrânia previamente ocupadas por tropas russas.
A proposta do Executivo da União Europeia seria a primeira a atingir lucrativo o setor de energia da Rússia desde o início de sua invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. Bruxelas sugeriu ainda impedir a entrada de navios russos nos portos europeus.
“A Rússia realiza uma guerra cruel e impiedosa também contra a população ucraniana. Precisamos manter a pressão ao máximo nesse momento crucial”, afirmou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Ela condenou o que chamou de “crimes hediondos” cometidos pela Rússia na cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, em meio ao surgimento de provas de que as tropas russas teriam assassinado deliberadamente civis ucranianos.
A proposta especificamente inclui a proibição das importações de carvão, madeira, cimento, bebidas alcoólicas e frutos do mar, no valor de 9,5 bilhões de euros por ano, informou a Comissão Europeia.
Von de Leyen disse que somente a proibição das importações de carvão acarretaria prejuízos de 4 bilhões de euros por ano a Moscou, e que a UE já prepara sanções adicionais, inclusive sobre a importação de petróleo russo.
Exportações também proibidas
Bruxelas propõe ainda uma proibição das exportações para a Rússia no valor de 10 bilhões de euros por ano, incluindo de semicondutores de alta tecnologia, computadores de quantum e outros equipamentos elétricos e de transporte.
A exportação de tecnologias associadas ao Gás Natural Liquefeito (LNG) também seriam banidas, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters
A presidente, porém, não mencionou as importações de gás natural russo, que abastecem 40% do continente europeu. Há um consenso entre os 27 Estados-membros da UE de que seria mais difícil punir a compra do combustível utilizado para geração de eletricidade e aquecimento.
Alguns países, incluindo a Alemanha, são contra um possível bloqueio às importações do gás russo. Até o momento, a Europa vinha evitando punir o setor de energia da Rússia, temendo levar a economia do bloco a uma recessão.
A dependência europeia do carvão, petróleo e gás natural russos explicitou a dificuldade de se chegar a um consenso em Bruxelas sobre medidas que afetem o fornecimento de energia do continente, mas os recentes relatos de mortes de civis na Ucrânia aumentaram a pressão sobre o bloco pela adoção de sanções mais pesadas.
Bloqueio aos portos da Europa
Navios e caminhões russos poderão ter acesso bloqueado aos países da UE, gerando novos prejuízos a Moscou, com exceções para produtos alimentícios, medicinais e de energia. Essas medidas podem ser difíceis de serem cumpridas, uma vez que nem sempre á possível identificar a origem dos navios de carga.
Isso significaria que, após a proibição do tráfego aéreo com a Rússia, a UE passaria a proibir também os transportes comerciais marítimos e terrestres.
A Comissão propôs ainda a proibição de operações bancárias como o banco russo VTB e outras três instituições financeiras que já estavam excluídas do sistema Switf de transferências bancárias internacionais.
Além disso, outros 36 indivíduos, incluindo oligarcas, políticos e líderes separatistas ucranianos deverão ser incluídos na lista de sanções da UE, que já inclui centenas de nomes.
As propostas, que integram a quinta leva de sanções impostas a Moscou desde o início de suas agressões ao país vizinho, necessitam de aprovação nos 27 Estados-membros da UE.