CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Lugar silencioso? Rover Perseverance grava os sons naturais de Marte
Gravações dos sons naturais de Marte, feitas pelo rover Perseverance, foram editadas e reunidas por cientistas, que as usaram para criar uma espécie de “playlist marciana”. O material tem cinco horas de duração, e o mais surpreendente é que mostra como Marte tem ambientes quietos, com sons naturais cerca de 20 decibéis mais baixos do que estes mesmos sons na Terra.
O rover Perseverance pousou no ano passado no interior da cratera Jezero, em Marte, junto do helicóptero Ingenuity. Quase 18 meses após chegar ao seu novo lar, o Perseverance já conseguiu acumular várias horas de gravações de sons marcianos, capturados por seu par de microfones.
Só que o “som do silêncio” em Marte — com o perdão pelo trocadilho com a música The Sound of Silence, da dupla Simon & Garfunkel — surpreendeu os pesquisadores que trabalharam com as gravações. “Está tão quieto lá que, em algum ponto, pensamos que o microfone estava quebrado” disse Baptiste Chide, um dos membros da equipe que vem analisando as gravações. Mesmo assim, a equipe descobriu alguns fenômenos fascinantes nos dados.
Após ouvi-los cuidadosamente, a equipe identificou que os ventos em Marte têm grande variabilidade, fazendo com que a atmosfera do planeta vá de condições tranquilas a intensas subitamente. Com os sons dos disparos a laser usados para analisar rochas, a equipe do rover Perseverance calculou a dispersão da velocidade do som, confirmando a teoria de que os sons de altas frequências viajam pela atmosfera marciana mais rapidamente que aqueles de frequências baixas.
Chide comentou que, graças às propriedades das moléculas de dióxido de carbono na atmosfera, Marte é o único planeta no Sistema Solar em que este fenômeno ocorre em faixas dentro do alcance da audição humana. Além disso, os autores sugerem que, conforme o composto é congelado nos polos de Marte durante o inverno, a atmosfera fica menos densa. Por isso, o volume do som pode variar aproximadamente 20% entre as estações.
O artigo que descreve as descobertas da equipe foi publicado na revista Nature.
Fonte: Nature; Via: EurekAlert