Internacional
Ex-presidente da Rússia ameaça sobre 3ª Guerra Mundial e chefe do exército britânico coloca soldados de prontidão
O ex-presidente da Rússia, Dimitry Medvedev, alertou o Ocidente para a possibilidade de uma terceira guerra mundial.
O político, que é do mesmo partido de Vladimir Putin, afirmou que uma invasão da Crimeia por parte de forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) poderia desencadear um conflito de escala global entre a Rússia e os países do Ocidente.
Medvedev e Putin são parceiros políticos desde a ascensão do ex-KGB ao poder; atualmente, o ex-presidente é atual Vice-Presidente do Conselho de Segurança da Rússia
“Para nós, a Crimeia é parte da Rússia. E isso significa para sempre. Qualquer tentativa de invadir a Crimeia é uma declaração de guerra contra nosso país”, disse Medvedev ao site de notícias Argumenty i Fakty. O ex-presidente é um dos nomes mais importantes da política de Moscou e faz parte do Conselho de Segurança da Rússia.
“E se isso for feito por um estado membro da Otan, isso significa conflito com toda a aliança do Atlântico Norte; uma Terceira Guerra Mundial. Uma catástrofe completa”, completou.
A fala ocorre depois de os EUA e a União Europeia enviarem uma nova rodada de armamentos e apoio financeiro à Ucrânia.
Teatro de Guerra
Atualmente, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, incluindo a península da Crimeia (sob controle de facto de Moscou desde 2014), a República Popular de Luhansk e a República Popular de Donetsk. Os russos também tomaram controle de Kherson, no sul do país.
As forças russas avançam no front leste da guerra. Especialistas apontam que as tropas comandadas por Putin devem ganhar terreno na direção de Odessa, cidade portuária ucraniana. Caso tomem controle de Odessa, a Rússia poderia controlar toda a parte sul do território de jure de Kiev, criando uma barreira portuária para as exportações do país. Além disso, uma tomada de Odessa também representaria uma conexão direta entre o território moscovita e a Transnístria, região separatista russa dentro da atual Moldávia.
Desde o início da guerra, o front russo se reorganizou. As tentativas de bombardeio a Kiev foram cessadas para fortalecer o controle sobre o leste e o sul do território ucraniano.© Yuri FerreiraEx-presidente da Rússia ameaça sobre 3ª Guerra Mundial e chefe do exército britânico coloca soldados de prontidão
Tropas russas recuaram em Chernobyl, Kiev e Kharkov; Ucranianos perderam controle de Mariupol – onde batalhão Azov, composto por neonazistas, foi destruído – e de Kherson, importantes regiões portuárias
A ‘Operação Especial’ perdeu seu propósito inicial. Se a ideia antes era um ataque rápido e poderoso para derrubar Volodymyr Zelensky, agora a proposta é reduzir a velocidade do avanço e consolidar mais territórios sob controle moscovita.
Essa reorganização fortaleceu as tropas russas. Além disso, a ineficiência das sanções do Ocidente contra a Rússia – que continua próxima comercialmente da China -, cuja economia vem crescendo por conta do aumento no preço do barril de petróleo, também tem fortalecido o front de Vladimir Putin.
Pensando nessa reorganização, Europa e Estados Unidos tem intensificado o apoio ao esforços da resistência ucraniana, especialmente com equipamentos de alto padrão.
As falas se alinham com os pronunciamentos de Sergey Lavrov, chanceler russo. “Agora também a UE e a Otan estão criando uma nova coalizão para a luta, ou seja, para a guerra com a Rússia. Acompanharemos isso muito de perto”, disse.
Reação do Ocidente
As falas de Lavrov e Medvedev não foram bem vistas pelos países do eixo pró-Kiev. O chefe do estado maior do Reino Unido, empossado na semana passada, comparou o atual momento vivido no continente europeu com a tensão vivida em 1937, no alvorecer da Segunda Guerra Mundial.
“Somos a geração que deve preparar o Exército para lutar mais uma vez na Europa. A invasão russa da Ucrânia sublinha nosso propósito central de proteger o Reino Unido, estando pronto para lutar e vencer guerras em terra. Existe agora um imperativo ardente para forjar um exército capaz de lutar ao lado de nossos aliados e derrotar a Rússia em batalha”, disse Sir Patrick Sanders.© Yuri FerreiraQueen Elizabeth II Platinum Jubilee 2022 – Trooping The Colour
Tropas britânicas foram colocadas em posição de prontidão recentemente; Boris Johnson visitou Ucrânia na última semana em meio a rodada de apoio militar e financeiro à Kiev
Junto da fala, o comandante enviou uma ordem para que as tropas do Exército Britânico, da Marinha Real e da Força Aérea se posicionem para uma eventual guerra.
A fala se combina com as afirmações do chefe da Otan, Jens Stoltenberg. “Vamos melhorar nossos grupos de batalha na parte oriental da aliança para níveis de brigada. Transformaremos a força de resposta da Otan e aumentaremos o número de nossas forças de alta prontidão para mais de 300 mil [militares]”, disse em coletiva recente.O foco da aliança é colocar soldados nos países fronteiriços à Rússia, como Noruega e os países bálticos. A OTAN também conta com a chegada de Suécia e Finlândia ao bloco, e Putin já prometeu retaliações.