Judiciário
“Quem tem que ouvir melhor não somos nós”, diz Fachin a advogados
Presidente do TSE não citou o presidente Jair Bolsonaro (PL), que, no domingo (24), chamou os magistrados de “surdos de capa preta”
Em reunião com um grupo de advogados nesta terça-feira (26), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, fez uma referência indireta às críticas que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante a convenção do PL que confirmou a sua candidatura à reeleição, no domingo (24). Bolsonaro chamou os magistrados de “surdos de capa preta”.
“Quem tem que ouvir melhor não somos nós”, disse Fachin, durante o encontro, segundo o relato de participantes. A CNN conversou com cinco dos onze advogados que estiveram no TSE.
O presidente da Corte Eleitoral não citou, no entanto, o nome do presidente, mas em outro momento da conversa deu mais um recado claro ao mandatário do Palácio do Planalto. “Avisem os tiranetes para tirar sua tirania do caminho que estamos passando com a democracia”, afirmou Fachin aos advogados, garantindo que o resultado das urnas em outubro será soberano.
Grande parte do encontro foi pautada pela violência política. Os advogados, que integram o grupo Prerrogativas, levaram a Fachin e também ao ministro Mauro Campbell, corregedor-geral do TSE, propostas para que casos que se enquadrem em crimes políticos sejam acompanhados pelos Tribunais Regionais Eleitorais, além do próprio TSE. A ideia é que a Justiça Eleitoral também acompanhe e participe das investigações.
O assassinato de Marcelo Arruda, militante do PT, em Foz do Iguaçu (PR), também foi citado durante o encontro.
O grupo de advogados falou sobre a importância de esses episódios serem punidos com rigor. A avaliação levada aos ministros é a de que casos como o de Foz podem, inclusive, desestimular a participação da sociedade no dia do pleito.
“A violência política só vai acabar quando o TSE cassar quem comete, estimula ou patrocina a violência política”, disse um dos advogados.
O grupo também sugeriu que o número de observadores internacionais das eleições seja elevado. Hoje, o TSE prevê 100 observadores. No entendimento dos advogados, a Corte Eleitoral precisa abrir mais espaço, acima de tudo, para a imprensa internacional.