Judiciário
Em editorial, O Globo acusa TSE de ir ‘longe demais’ com censura
Veículo aponta exageros cometidos pelo tribunal contra imprensa
Em editorial publicado nesta terça-feira (11), o jornal O Globo criticou veementemente as últimas ações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a imprensa brasileira, sobretudo referente a matérias que “desabonem” a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com o veículo, “está cada vez mais evidente que, no afã de combater a desinformação, o TSE vem cometendo exageros que configuram censura descabida a veículos de imprensa, proibida pela Constituição”.
O texto cita primeiramente o revés sofrido pela Jovem Pan, que foi obrigada pela Corte a excluir a entrevista com a senadora Mara Gabrilli, na qual ela afirma que Lula teria pagado R$ 12 milhões para não ser apontado como mandante do assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Também foi citado o caso da Gazeta do Povo, que foi ordenada a remover 31 postagens, inclusive as que tratavam do bloqueio da transmissão da CNN na Nicarágua, do ditador Daniel Ortega, que chegou a emitir uma nota apostando na vitória de Lula.
O veículo enfatiza que não é papel do tribunal julgar a qualidade dos veículos de imprensa, ainda que a mesma seja “ruim”.
(…) Muito menos censurá-los preventivamente apenas por causa de um título malfeito, nem mesmo pela eventual publicação de informações erradas, que podem perfeitamente ser corrigidas. As partes que se sentirem ofendidas deveriam acionar a Justiça comum, onde os veículos têm o direito de se defender, caso já não tenham reparado o próprio erro. O inaceitável é confundir o trabalho jornalístico – mesmo ruim – com a desinformação deliberada que em geral emana das campanhas eleitorais – diz o texto.
O ex-ministro Marco Aurélio Mello falou sobre o comportamento de seus ex-colegas, em entrevista ao podcast CDTalks, com Cláudio Dantas, no último fim de semana.
O que nos vem da Constituição Federal, que também submete o Supremo? A liberdade de expressão, a liberdade de comunicação (…) não se pode cercear a liberdade do cidadão, e aí amedrontá-lo quanto a um crivo, uma glosa – disse o ministro aposentado.