Internacional
Reino Unido avalia que Rússia perdeu capacidade ofensiva
Relatório britânico aponta que, após um ano de guerra, forças russas na Ucrânia são agora compostas em sua maioria por militares inexperientes e com equipamentos antiquados, incapazes de realizar operações complexas
O Ministério da Defesa britânico estima que as forças russas na Ucrânia, mesmo conservando o número de efetivos e a estrutura, viram sua capacidade e eficácia diminuir consideravelmente desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
Segundo um relatório divulgado neste domingo (14/05), os britânicos avaliam que o contingente militar russo na Ucrânia transformou-se, em grande parte, em grupos de reservistas incapazes de desenvolverem operações complexas.
O Ministério da Defesa britânico também considera que, apesar de o chamado Agrupamento de Forças Combinadas da Rússia – o conjunto de forças russas ou CGF – manter aproximadamente a mesma quantidade de pessoal no campo de batalha do que há um ano – 200.000 efetivos divididos em 70 regimentos -, ele já não é mais composto por soldados profissionais ou “veículos razoavelmente modernos”.
“Agora a força está composta, na sua maioria, por reservistas mobilizados mal treinados e cada vez mais dependentes de equipamentos antiquados”, aponta a avaliação.
Agrupamento russo reduzido a “operações muito simples”
Ainda segundo os britânicos, a Rússia agora só é capaz de efetuar “operações muito simples, com base na infantaria”, em comparação com as “operações conjuntas complexas” regulares realizadas pelos militares no início da guerra.
“E mais importante, é pouco provável que tenha conseguido gerar uma reserva móvel, capaz de responder aos desafios operativos emergentes”, apontou o ministério britânico.
O ministério ainda acrescentou: “É improvável que [o Agrupamento Russo] seja uma organização coesa que efetivamente tenha um efeito militar em larga escala ao longo da linha de frente de 1.200 km sob pressão”.
Especialistas já haviam apontado anteriormente que a Rússia perdeu muito de seus militares mais experientes nas primeiras semanas e meses da guerra, acabando por preencher suas unidades com pessoal menos experiente e mobilizado à medida que o esforço de invasão se arrastava.
Em setembro de 2022, o governo russo anunciou uma “mobilização parcial” de 300.000 reservistas.
Recrutamento de condenados
Mais recentemente, militares da Rússia passaram a intensificar esforços para recrutar condenados diretamente das prisões para lutar na Ucrânia. Nesta semana, o Ministério da Defesa do Reino Unido estimou que, só em abril, os russos recrutaram 10.000 condenados. A tática de usar prisioneiros para lutar já vinha sendo aplicada pelo Grupo Wagner, uma organização de mercenários ligada ao Kremlin. Em março, especialistas das Nações Unidas á haviam criticado a estratégia.
“Estamos profundamente incomodados com relatos de visitas de membros do chamado Grupo Wagner a instalações correcionais em várias regiões da Rússia, oferecendo indultos a prisioneiros que se juntarem ao grupo e participarem da guerra na Ucrânia, bem como um pagamento mensal a seus parentes”, disseram os especialistas.