Internacional
Chefe da Otan: contraofensiva pode levar Putin a negociar
Ações do Exército ucraniano para tentar retomar território dos russos estão em andamento, mas Kiev não divulga detalhes. Diversos países-membros da aliança militar têm enviado apoio militar e financeiro à Ucrânia
Uma contraofensiva bem-sucedida da Ucrânia poderá levar o presidente russo, Vladimir Putin, a “sentar-se à mesa das negociações”, afirmou nesta terça-feira (13/06) o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, à emissora CNN.
“Quanto mais terreno [os ucranianos] ganharem, mais provável é que o presidente Putin compreenda que tem de se sentar à mesa das negociações e concordar com uma paz justa e duradoura”, disse o líder da Otan, que será recebido nesta terça-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
No sábado, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, reconheceu a existência de “ações contraofensivas” do exército ucraniano na frente de batalha, sem esclarecer, no entanto, se se trata do grande contra-ataque preparado por Kiev há vários meses.
“Ações contraofensivas e defensivas estão ocorrendo na Ucrânia, e não falarei mais detalhes”, declarou Zelenski em uma coletiva de imprensa. “É necessário ter confiança nos militares e eu tenho confiança neles”, acrescentou.
Nesta terça-feira, a Ucrânia relatou pequenos sucessos iniciais em sua contraofensiva, dizendo que seu exército recapturou sete aldeias na região leste de Donetsk, abrangendo uma área total de 90 quilômetros quadrados. “Sete assentamentos foram liberados” na última semana de combates na região, incluindo Blahodatne, Neskuchne, Makarivka e Storozheve, disse o Ministério da Defesa do país.
O comunicado acrescentou que as forças ucranianas avançaram “250 a 700 metros” na direção da cidade de Bakhmut, no leste do país.
As autoridades russas não confirmaram esses ganhos ucranianos, e disseram na segunda-feira que as forças russas haviam repelido ataques na mesma área na região de Donetsk, perto de Velyka Novosilka e ao redor da vila de Levadne, na região de Zaporizhzhia.
Nesta terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia publicou um vídeo não verificado mostrando o que disse ser um tanque Leopard 2 de fabricação alemã e um veículo de combate Bradley de fabricação norte-americana capturados das forças ucranianas na região sul de Zaporizhzhia.
A Ucrânia não faz parte da Otan, mas diversos países-membros da aliança militar têm enviado apoio militar e financeiro a Kiev para fazer frente à invasão russa.
Sucessão na Otan
O encontro entre Stoltenberg e Biden ocorre algumas semanas antes da cúpula anual da Otan, em Vílnius, na Lituânia, teoricamente a última em que Stoltenberg participará, cujo mandato termina em outubro.
“Estou absolutamente convencido de que [os 31 países membros da NATO] encontrarão um excelente sucessor”, disse o norueguês, assegurando que a sua “prioridade de momento [é] liderar a aliança até ao fim do [seu] mandato”.
Há muita especulação sobre quem sucederá Stoltenberg caso seu mandato não seja prolongado mais uma vez – ele está no terceiro mandato à frente da aliança militar e em dezembro passado disse não ter intenções de permanecer no cargo.
Entre os nomes cotados para chefiar a Otan, estão a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que seria a primeira mulher a ocupar o cargo, e o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace.
Recentemente, Biden afirmou que Wallace era “muito qualificado”, mas que teria de ser encontrado um “consenso” na Otan, uma organização por vezes repleta de tensões, como ilustrado pelo complicado processo de adesão da Suécia.
Suécia ainda fora da aliança
Há treze meses, a Turquia vem bloqueando a entrada da Suécia na aliança militar. Ancara acusa Estocolmo de acolher militantes curdos no seu território.
Nesta segunda-feira, a Suécia anunciou a extradição para a Turquia de um militante do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), condenado no seu país por tráfico de drogas, cumprindo assim uma condição imposta por Ancara para a entrada do país nórdico na Otan.
Stoltenberg afirmou estar “muito confiante” de que a Turquia liberará em breve a adesão da Suécia à aliança militar.