Saúde
O que se sabe sobre a nova vacina contra a dengue
Já disponível na rede privada, imunizante de empresa japonesa é o primeiro aprovado no Brasil para o público amplo e pode ser aplicado a partir dos quatro anos de idade. Vacina tem eficácia geral de 80,2%
Disponível em laboratórios da rede privada no Brasil a partir dessa semana, a Qdenga, nova vacina contra a dengue da empresa japonesa Takeda Pharma, começou a ser aplicada no país, por exemplo em Campinas (SP).
Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o novo imunizante contra a dengue – o primeiro aprovado no país para um público mais amplo. Diferente da vacina aprovada anteriormente, que só era recomendada para quem já teve a doença, essa pode ser aplicada também em quem nunca teve contato com o vírus da enfermidade.
Segundo a Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas (ABCVAC) informou em nota, o preço da vacina deve variar entre R$ 350 e R$ 500 para o consumidor final, dependendo do estado. Em São Paulo, por exemplo, o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) autorizado pela Anvisa para as clínicas é de R$ 379,40.
O Ministério da Saúde informou que a vacina deverá ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2025.
Confira o que se sabe sobre a nova vacina da dengue, Qdenga, da empresa japonesa Takeda Pharma:
Com funciona a Qdenga
A vacina da Takeda Pharma é composta de versões atenuadas dos quatro diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Nos testes, ela apresentou uma eficácia geral de 80,2% contra a doença após 12 meses da aplicação da segunda dose. Os estudos também indicaram que a Qdenga reduziu as hospitalizações em 90%.
“A demonstração da eficácia da vacina Qdenga tem suporte principalmente nos resultados de um estudo de larga escala, estudo de fase 3, randomizado e controlado por placebo, conduzido em países endêmicos para dengue, com o objetivo de avaliar a eficácia, segurança e imunogenicidade da vacina”, destacou a Anvisa.
Após a aplicação da vacina, o sistema imunológico identifica os sorotipos atenuados como estranhos e começa a produção de anticorpos contra eles. Quando o vacinado é posteriormente exposto ao vírus, o sistema imunológico o reconhece e pode rapidamente produzir mais anticorpos, que neutralizam o agente infeccioso antes que ele possa causar a dengue.
Recomendação e aplicação
A nova vacina é indicada para a faixa etária de 4 a 60 anos, para quem nunca teve ou já teve dengue. Ela é aplicada num esquema de duas doses, com um intervalo de três meses entre as aplicações.
A vacina não é recomendada para grávidas e mulheres que estejam amamentando, e também pessoas que estejam com o sistema imunológico enfraquecido devido a doenças ou medicamentos.
Com a aprovação no Brasil, ela pode ser comercializada na rede privada e no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde precisa ainda decidir se irá incorporá-la no sistema público.
Em 2022, a Qdenga foi aprovada pela agência sanitária europeia, EMA.
Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais associados à nova vacina são dor e vermelhidão no local da aplicação, dor de cabeça e muscular, além de mal-estar geral e fraqueza. Alguns vacinados também tiveram febre.
A EMA, no entanto, ressalta que os efeitos colaterais são de gravidade leve a moderada e desaparecem em poucos dias. Eles costumam ocorrer com maior frequência depois da aplicação da primeira dose.
Dengue no Brasil
Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a dengue causou 1.016 mortes no Brasil em 2022. Mais 1,4 milhão de casos prováveis foram registrados no país no ano passado – um aumento de 162 % no número das infecções em comparação com 2021.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos diferentes. Os principais sintomas da doença são febre alta, dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. A forma grave da doença, a dengue hemorrágica, inclui dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos, letargia e sangramento de mucosa.
A dengue hemorrágica é mais comum durante uma segunda infecção.
O melhor método para prevenção da dengue é reduzir a infestação de mosquitos, não deixando água parada e acumulada, que costuma ser usada pelo Aedes como criadouro.