AGRICULTURA & PECUÁRIA
Conheça o primeiro trigo brasileiro para fabricação de malte
Atualmente, para produzir malte de trigo no Brasil é preciso importar matéria-prima, especialmente da Argentina
durante a abertura do Fórum Nacional de Trigo e 16ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (16ª RCBPTT), realizado no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, no Paraná, foi apresentada a Biotrigo Weiss, primeira variedade de trigo desenvolvida no Brasil para fabricação de malte.
A cultivar é o resultado de uma colaboração entre a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) e a empresa Biotrigo Genética.
Ela concebida para atender a todas as exigências da indústria cervejeira, incluindo sua alta produtividade, resistência a acamamento e doenças, reduzido teor de proteínas e excelente potencial germinativo.
Atualmente, a indústria brasileira de cerveja depende da importação de matéria-prima da Argentina.
A gerente de Desenvolvimento de Produto para a Indústria da Biotrigo, Kênia Paula Ribeiro Meneguzzi, destaca a importância desse avanço para a indústria cervejeira nacional.
“A demanda por produtos diferentes, como o malte de trigo, tem aumentado devido ao crescimento do número de cervejarias no Brasil, e percebemos essa tendência após receber a visita de mestres cervejeiros da Alemanha. A partir disso, iniciamos uma colaboração com a Fapa e a Agrária para desenvolver cultivares nacionais de trigo para a produção de malte, sendo a Biotrigo Weiss o primeiro resultado dessa parceria”, afirma.
A expectativa é que a produção em larga escala do trigo Biotrigo Weiss seja viabilizada até o ano de 2025, suprindo as necessidades da indústria cervejeira brasileira.
Trigo: governo do Paraná defende uso da ciência e inovação
No evento, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, disse que o país progrediu consideravelmente na capacidade de produzir alimentos e fibras, atribuindo grande parte desse sucesso à aplicação do conhecimento.
“O Brasil tem uma presença significativa em aproximadamente 40 cadeias produtivas no mundo. Temos a real possibilidade de continuar a crescer e nos tornarmos líderes no comércio mundial, com políticas agrícolas baseadas na ciência e na inovação”, afirmou.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2022/2023 deve atingir um recorde de 317,6 milhões de toneladas de grãos no Brasil.
Ortigara também previu que, em 10 safras, a produção pode alcançar 390 milhões de toneladas, destacando que a produtividade está em ascensão e que há espaço para o crescimento do trigo.
A produção recorde de trigo no país, atingindo 10,6 milhões de toneladas, contribuiu para a redução das importações do cereal.
No primeiro semestre de 2023, o Brasil importou 2,1 milhões de toneladas, uma queda de 35% em relação às 3,2 milhões de toneladas importadas no primeiro semestre de 2022, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e Pecuária analisados no Boletim Agropecuário do Departamento de Economia Rural (Deral).
Quanto às exportações de trigo, o Brasil comercializou 2,1 milhões de toneladas no primeiro semestre, representando o terceiro maior volume já exportado nesse período.
O secretário afirmou que “o que foi realizado nos últimos anos mostra que podemos alcançar não apenas a tão desejada autossuficiência, mas também nos tornarmos participantes ativos no mercado global”.
Os estados do Paraná e do Rio Grande do Sul são responsáveis por 90% da produção de trigo no Brasil.
E, no ciclo 2022/2023, o Paraná está previsto para ter uma produção recorde, com estimativa de 4,6 milhões de toneladas de trigo, um aumento de 30% em relação à safra anterior, conforme o Deral.