Saúde
Substância mostra-se promissora contra metástase do câncer
É a segunda descoberta em poucos meses de um fármaco com potencial de ação contra o câncer de mama.
Tratar o câncer sem efeitos colaterais
Um novo composto biomédico promete nada menos do que impedir a propagação do câncer de mama.
Cientistas das universidades de Liverpool (Inglaterra) e Nanjing (China) descobriram uma forma de bloquear proteínas produzidas no corpo quando um paciente tem câncer e que provoca sua disseminação para outras partes do corpo. Esse processo, chamado metástase, é o grande responsável pela morte dos pacientes em todos os tipos de cânceres.
“Como regra geral, o câncer que se espalhou é tratado com quimioterapia, mas esse tratamento raramente pode ser administrado sem prejudicar gravemente ou tornar-se tóxico para o paciente. A importância do nosso trabalho foi identificar um alvo específico e importante para atacar, sem efeitos colaterais tóxicos,” contou o professor Philip Rudland.
A equipe havia descoberto recentemente que proteínas específicas estão envolvidas no processo metastático. Essas proteínas são diferentes daquelas envolvidas na produção do tumor primário. Um desses exemplos é uma proteína chamada S100A4, que foi a proteína escolhida pela equipe para prosseguir os estudos, com o objetivo de identificar inibidores químicos que pudessem desativá-la. Para isso, eles escolheram células de um tipo de câncer de mama altamente metastático e incurável, conhecido como “sem receptor de hormônio”.
O resultado deste novo esforço foi a descoberta de uma substância que inibe a interação da proteína S100A4, envolvida com a indução da metástase, com seu alvo dentro da célula. O composto funciona em doses muito baixas, inibindo as propriedades associadas à metástase com uma melhoria de mais de 20.000 vezes em relação ao inibidor desarmado original, praticamente sem efeitos colaterais tóxicos.
É a segunda descoberta em poucos meses de um fármaco com potencial de ação contra o câncer de mama.
Uso em outros cânceres
O fármaco já foi testado em animais de laboratório. “Agora esperamos dar os próximos passos e repetir este estudo em um grande grupo de animais com cânceres metastáticos semelhantes, para que a eficácia e a estabilidade dos compostos possam ser minuciosamente investigadas e, se necessário, melhoradas por mais design e sínteses, antes de qualquer ensaio clínico,” disse a Dra Gemma Nixon, membro da equipe.
Embora tenha sido pesquisada em células de câncer de mama, a proteína S100A4 está envolvida em muitos outros tipos de câncer, o que significa que a descoberta da equipe tem um potencial de aplicação muito amplo.