ECONOMIA
Começa a faltar diesel no mercado nacional
De acordo com publicação feita pelo jornal O Tempo, de Minas Gerais, transportadores já começam a notar a redução da disponibilidade de diesel no mercado nacional.
Isso está ocorrendo porque a Petrobras opera com valores abaixo da paridade de importação, e outras empresas do setor não estão realizando importações. Além disso, a estatal não consegue suprir toda a demanda do país.
Para as importadoras independentes, a importação dos combustíveis não é vantajosa, porque a venda é feita por valor abaixo do custo. O valor do litro do diesel no mercado internacional está cerca de R$ 0,80 mais caro do que no Brasil.
Em maio de 2023, a Petrobras anunciou mudanças em sua política de preços, realizando alterações em sua estratégia comercial. A medida aconteceu por interferência do Governo Federal.
De acordo com a estatal, a nova estratégia comercial usa referências de mercado como:
- o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação,
- o valor marginal para a Petrobras.
O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.
Com o anúncio, a política de preço de paridade de importação chega ao fim, após quase cinco anos. A Petrobras destaca que a nova estratégia mantém o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes.
Logo após essa mudança, as empresas do setor já alertavam para problemas de abastecimento dos combustíveis.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) publicou um relatório nesta semana, mostrando que a defasagem do valor do diesel entre os preços do mercado internacional e o preço de venda no Brasil é de 22%.
“Já começou a faltar diesel. Está tendo uma restrição pesada e ninguém consegue atender com totalidade os seus parceiros. A Shell não consegue atender todos os clientes dela, a Ipiranga também não. Então já há uma redução na quantidade solicitada”, explica a diretora do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Juliana Martins. Ela apontou a falta, principalmente, do óleo S10.
Conforme o Setcemg, as distribuidoras de combustíveis já têm priorizado empresas que prestam serviços de necessidade, como hospitais, empresas de coleta de lixo e outros.
Em nota, a Petrobras destaca que não vê risco de desabastecimento de diesel. A empresa afirma que tem cumprido suas obrigações com as distribuidoras, e diz que não é a única fornecedora de combustíveis do país, com outros atores (distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores).