Saúde
Entender comunicação das células permitirá orientá-las na cicatrização
Observar as células reais (direita) se comunicando permitiu construir um modelo de computador que mostra sua “linguagem” (esquerda).
Comunicação intercelular
Assim como as pessoas, as células se comunicam umas com as outras – bem, elas se comunicam à sua própria maneira especial.
Usando as ondas como linguagem comum ou até mesmo empurrando-se mutuamente, as células dizem umas às outras para onde e quando se mover, compartilham informações e trabalham em conjunto para o bem do corpo.
Mas é um processo tão complexo que a ciência está longe de compreendê-lo em profundidade.
O professor Daniel Boocock e sua equipe da Universidade de Cingapura queriam entender melhor essa comunicação intercelular com um objetivo bem definido: Aprender como dizer às células para que elas trabalhem em conjunto para curar um ferimento.
Mas o que eles aprenderam permitiu criar um novo modelo teórico que poderá ajudar outros cientistas a obterem progressos ainda maiores.
Comunicação entre células
O novo modelo permite uma melhor compreensão da comunicação célula-a-célula que vai muito além das células adjacentes, descrevendo as complexas forças mecânicas que as células aplicam umas às outras para trocar suas informações e ajustar sua atividade bioquímica de longo alcance.
Semelhante a uma multidão apertada na plateia de um show, se uma célula puxa para um lado, outra célula sente a ação e pode reagir indo na mesma direção ou puxando na direção oposta. A informação pode então se propagar e viajar em ondas – ondas que são visíveis ao microscópio.
Foram essas ondas que os cientistas usaram para criar um quadro geral que permite prever essa comunicação de empurra-e-puxa, e seus consequentes efeitos bioquímicos.
“As células não apenas sentem as forças mecânicas, mas também seu ambiente químico – forças e sinais bioquímicos que as células estão exercendo umas sobre as outras,” explicou o professor Edouard Hannezo. “Sua comunicação é uma interação de atividade bioquímica, comportamento físico e movimento; no entanto, a extensão de cada modo de comunicação e como essas interações mecanoquímicas funcionam em tecidos vivos tem sido indescritível até agora.”
O modelo permite não apenas replicar os fenômenos observados em placas de Petri, como também fazer uma explicação da comunicação celular baseada em leis físicas. “Com a nossa teoria, podemos facilmente alterar diferentes componentes do sistema complexo e determinar como a dinâmica do tecido se adapta,” disse Hannezo.
Melhorar a cicatrização
De posse dessa descrição teórica validada por experimentos, a equipe agora está voltando ao início, usando seu modelo para induzir a comunicação intercelular com o objetivo de melhorar a cicatrização de ferimentos. No computador já funcionou: Onde os parâmetros melhoram o fluxo de informações, a cura foi acelerada.
“O que é realmente interessante é o quão bem nosso modelo deverá funcionar para a cicatrização de feridas em células dentro dos organismos vivos,” disse Hannezo.