Saúde
Material de carbono ultrafino pode ser usado para tratar síndrome de Down
Em vez de eliminar a produção do gás, o que pode ser prejudicial, o nanocarbono transforma-o em seus metabólitos benéficos.
Nanocarbono
Uma forma de carbono muito fina, com partículas com dimensões na casa dos nanômetros (10-9 metro) pode ser usado para tratar a síndrome de Down e outros distúrbios associados a altos níveis de sulfeto de hidrogênio.
O sulfeto de hidrogênio (H2S) não tem boa fama por causa do seu cheiro de ovo podre. Acontece que o H2S desempenha um papel vital na função óssea, cerebral, hepática e renal, além de regular a dilatação dos vasos sanguíneos e complementar a cadeia de transporte de elétrons. Ou seja, ele é produzido naturalmente pelos seres vivos porque é necessário em nosso metabolismo.
Isso desde que o gás seja mantido em níveis normais. Uma das condições mais conhecidas associadas a altos níveis de sulfeto de hidrogênio é a síndrome de Down. Esse distúrbio genético está associado a um declínio na função de muitos sistemas ao longo do tempo, incluindo os sistemas musculoesquelético e nervoso.
Estudos anteriores levantaram a hipótese de que a redução dos níveis de H2S circulante poderia melhorar a função em indivíduos com síndrome de Down. No entanto, como o gás é necessário para a função biológica normal, simplesmente inibir as enzimas que o sintetizam pode ser prejudicial.
Conversão, não supressão
Agora, Paul Derry e colegas da Universidade A&M do Texas (EUA) descobriram que um material de carbono pode atuar como um mediador de várias reações terapêuticas, reduzindo o excesso de H2S em modelos experimentais que variam de acidente vascular cerebral às hemorragias, traumas e ação de toxinas mitocondriais.
Em vez de bloquear a produção do gás, o sulfeto de hidrogênio é convertido em seus metabólitos, que oferecem muitas funções benéficas, como a modificação de proteínas para melhorar sua capacidade de agir como antioxidantes. Esses materiais atuam como enzimas sintéticas de tamanho nano – ou nanoenzimas – que até agora não apresentaram nenhuma toxicidade nos testes em animais, protegendo as cobaias de lesões agudas e crônicas.
“Estamos entusiasmados com esta pesquisa porque acreditamos ter descoberto uma maneira de tratar muitos distúrbios usando materiais à base de carbono e um método de síntese simples e direto,” disse o professor Thomas Kent. “Esperamos que esses materiais forneçam uma nova abordagem para o tratamento de distúrbios de sulfeto de hidrogênio alto, convertendo-os em metabólitos benéficos, como exemplificado pela síndrome de Down.