Internacional
Na ONU, jovem portuguesa fala de expansão tecnológica feita com cuidados
Passam seis meses do evento de promoção dos direitos femininos que pela primeira vez defendeu soluções baseadas em tecnologia com inclusão de gêneros; Beatriz Facundo foi uma das participantes exigindo políticas digitais em favor da igualdade de acesso e oportunidades
A portuguesa Beatriz Facundo representou a ONG global Graal na Comissão da ONU sobre o Estatuto da Mulher, CSW, realizada em março. A estudante pediu uma expansão de tecnologia com mais direitos, acesso e cuidados.
Este ano, no momento de transição do ensino secundário para o superior, a graduanda do nível médio ressaltou o modelo do seu país que alargou a acessibilidade aos estudantes de áreas remotas nas restrições durante a pandemia de Covid-19.
Mundo mais igualitário e conectado
“Felizmente temos acesso os vários tipos de tecnologia. Não é algo que falamos muito na escola, um assunto diário, mas felizmente temos acesso. Temos acesso e conseguimos usufruir de todo o tipo de tecnologia. E mesmo quem não tenha acesso devido, por exemplo, à pandemia de Covid-19, beneficiou da oferta de todos os tipos de aparelhos.”
Esta realidade contrasta com as dificuldades e os obstáculos em dezenas de países cujos representantes defenderam um mundo mais igualitário e conectado para mulheres e meninas.
No final do evento, os organizadores celebraram a adoção de uma estrutura normativa global sobre igualdade de gênero, tecnologia e inovação.
A ONU elogiou a promessa e a força alcançada nos debates intergovernamentais no evento realizado sob o tema “Inovação e mudança tecnológica e educação na era digital para alcançar a igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas”.
Discurso de ódio contra mulheres e meninas
Num momento em que o diálogo global destaca a prevalência da violência online e do discurso de ódio contra mulheres e meninas, Beatriz disse estar claro que é preciso cautela quando se trata de promover o acesso tecnológico.
“É muito interessante e vale-nos muito. Mas, se calhar, uma das primeiras palavras que eu diria seria cuidado. Tenham cuidado, porque a tecnologia está a evoluir demasiado rápido. Eu acho que é bom numas questões e má noutras. Ter cuidado para que não seja uma área onde se sofra, mas sim que se evolua e que se aprenda ainda mais. E depois diria, para quem tem acesso, felizmente, e tem muito acesso, que se pudesse fazer algo para que alguém ou outra menina que não tem o mesmo tipo de acesso e o mesmo tipo de oportunidade. Que seja feito algo, nem que seja ajudar com uma entrada nesta área que seja mínima. A comunicação por exemplo. Podemos chegar lá. Para quem não tem acesso chegarmos e ajudar nessa parte.”
O debate entre líderes juvenis, ativistas, sociedade civil, governo e setor privado ressaltou a importância de se aumentar a responsabilidade coletiva na adoção de políticas digitais inclusivas.
Na ONU, os participantes destacaram a importância de se projetar soluções baseadas em tecnologia com inclusão de gênero e defender políticas digitais que garantam igualdade de acesso e oportunidades para mulheres e meninas.
Com o surgimento das tecnologias digitais, um dos consensos foi o de ampliar a inclusão tecnológica, especialmente de mulheres e meninas, em áreas rurais e marginalizadas, bem como minorias de gênero e pessoas com deficiência.