Internacional
Relatório da Unctad revela potencial da África em setor de alta tecnologia
Estudo apresenta vantagens dos países da região relacionados a recursos naturais, demanda de consumo e força de trabalho; agência apresenta roteiro para que economias africanas se tornarem destino de manufatura; alívio da dívida e necessidade de mais investimento em energia renovável são pontos de atenção
A África tem o potencial de integrar cadeias de suprimentos globais intensivas em tecnologia. A conclusão é da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
Recursos abundantes e mercado consumidor
O Relatório de Desenvolvimento Econômico na África 2023, lançado nesta quarta-feira, em Nairobi, oferece um roteiro sobre como as economias africanas podem desempenhar um papel importante na cadeia global de fornecimento, se tornando um destino de manufatura para indústrias de alta tecnologia.
Dentre os fatores que tornam os países africanos atraentes para estas empresas estão a abundância de minerais e metais muito utilizados no setor.
Segundo a Unctad, a região dispõe também de uma força de trabalho mais jovem, com expertise tecnológica e adaptável, bem como de uma classe média crescente, com uma demanda por bens e serviços mais sofisticados.
A Unctad afirma que a expansão das cadeias de abastecimento de energia para a África é uma oportunidade para acelerar a ação climática. No entanto, atualmente apenas 2% dos investimentos globais em energia renovável chegam ao continente africano.
Países Lusófonos
A respeito dos países de língua portuguesa, o relatório traz considerações sobre Angola, Cabo Verde e Moçambique.
Dentre os 44 países analisados, Cabo Verde está entre os 13 com maior demanda por telefonia móvel por habitante.
Já Moçambique é citado como o segundo maior exportador mundial de titânio, metal usado em equipamentos médicos, e por suas reservas de grafite, usado na produção de veículos elétricos.
Além disso, o relatório destaca Angola como um dos países com forte compromisso de reduzir as emissões de carbono em mais de um terço até 2030.
Alívio da dívida
Outro ponto considerado crucial pela agência é o alívio da dívida dos países africanos, de modo a gerar espaço fiscal para investir em cadeias de abastecimento.
Em média, os países africanos pagam quatro vezes mais por empréstimos do que os Estados Unidos e até oito vezes mais do que as economias europeias.
A Unctad reitera seu apelo por melhores soluções de financiamento para oferecer aos países e empresas africanos capital e liquidez acessíveis, para investir no fortalecimento de suas cadeias de abastecimento.
A agência defende que essas medidas, adotadas em conjunto políticas, regulações e programas sólidos para promover adoção de tecnologias digitais, pode tornar a África em um elo fundamental nas cadeias de suprimentos globais.