Internacional
ONU alerta para consequências do impasse em uma solução política na Síria
Enviado especial das Nações Unidas ressaltou que demais crises no país, como a questão econômica, só poderão ser solucionadas com fim do conflito; Geir Pedersen acredita que resolução 2254 do Conselho de Segurança prevê bases para avançar na busca por consensos
Apenas resolvendo a crise política, que está no centro do conflito na Síria, as outras diversas crises podem ser solucionadas. A opinião é do enviado especial da ONU no país, Geir Pedersen.
Nesta terça-feira, ele falou ao Conselho de Segurança sobre o agravamento da situação humanitária, especialmente com o “colapso econômico” no país, com a moeda desvalorizando em 80% em pouco mais de três meses.
Crianças dormem em mesquita no distrito de Al-Midan, em Aleppo, Síria
Soluções políticas
Ele destacou que, embora algumas medidas tenham sido tomadas para responder a crise financeira, o valor da cesta básica subiu 70% em apenas um ano, custando cerca de sete vezes mais que o salário-mínimo.
Assim, Pedersen avalia que com a continuação da violência, a economia não deve melhorar. O enviado especial adiciona que todas as demais crises que assolam o país dependem de estabilidade para serem endereçadas.
Em sua análise, apenas com a implementação da resolução 2254 do Conselho de Segurança poderia ser criada uma base para sustentar um processo de “cura e construção de confiança”.
O texto citado por Pedersen foi aprovado por unanimidade em 2015. Ele afirma que o povo sírio deve decidir sobre o futuro do país e busca uma solução política para a crise.
Na resolução, a ONU buscaria negociar com representantes do governo sírio e da oposição sobre um processo de transição política e estabeleceria um calendário e um processo para a elaboração de uma nova constituição.
PMA está fornecendo refeições para famílias em Aleppo afetadas pelo recente terremoto na Síria
Situação humanitária
Pedersen ressalta que, embora uma resolução do conflito pareça difícil, ele acredita que “status quo é insustentável” e há espaço para a implementação da Resolução 2254.
Para o representante, a reconvocação da Comissão Constitucional é um ponto “claro de consenso” entre diversas partes.
O enviado especial também destacou os avanços humanitários, com a reabertura de Bab al-Hawa, além de Bab al-Salam e Al-Ra’ee. No entanto, Pedersen destaca que o fundo para ajuda ao país foi financiado em apenas 25%.
Além disso, ele citou os diversos casos de violência do último mês, pedindo para que as partes busquem um cessar-fogo nacional e cooperação para mitigar a ameaça terrorista.
Ele afirmou que é de “importância central” proteger os civis e defender o direito internacional e lembrou que, na semana passada, os sírios marcaram os 10 anos desde os ataques com armas químicas nos subúrbios de Damasco.