Internacional
Desconfiança e investimento em armas nucleares é “receita para aniquilação”
Mensagem do secretário-geral da ONU para Dia Internacional Contra os Testes Nucleares pede ratificação do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares; para ele, acordo e um passo fundamental para um “mundo livre de armas nucleares”
Neste 29 de agosto, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional Contra os Testes Nucleares.
Em mensagem para a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirma que desde 1945, mais de 2 mil testes nucleares causaram sofrimento, envenenaram o ar e devastaram paisagens ao redor do mundo.
Reunião analisa medidas para acabar com testes nucleares, a proibição de armas de destruição em massa, armas químicas e até a limitação e redução de armas convencionais
Legado destrutivo
Para marcar o Dia Internacional Contra os Testes Nucleares, ele afirma que o mundo “fala com uma só voz para pôr fim a esse legado destrutivo”.
O chefe da ONU ainda ressalta um aumento alarmante da desconfiança e da divisão a nível mundial visto neste ano.
Para Guterres, a combinação de 13 mil armas nucleares estocadas em todo o mundo e países trabalhando para melhorar a precisão, alcance e poder destrutivo das armas nucleares, é a “receita para a aniquilação”.
Ele defende que a proibição juridicamente vinculante dos testes nucleares é um passo fundamental na busca por um mundo livre do tipo de armamento.
Segundo o secretário-geral, o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares, embora ainda não esteja em vigor, permanece como um “poderoso testemunho da vontade da humanidade de afastar de uma vez por todas a sombra da aniquilação nuclear do nosso mundo”.
Ele faz um apelo, em nome de todas as vítimas de testes nucleares, para que os países que ainda não ratificaram o Tratado para que o façam imediatamente, sem impor condições, para “acabar com os testes nucleares para sempre”.
Teste nuclear no Atol Enewetak, nas ilhas Marshall, Estados Unidos, em 1 de novembro de 1952
Contexto
Em dezembro de 2009, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 29 de agosto o Dia Internacional contra os Testes Nucleares, adotando por unanimidade a resolução 64/35.
O texto apela pela sensibilização e educação “sobre os efeitos das explosões de testes de armas nucleares ou de quaisquer outras explosões nucleares e a necessidade da sua cessação como um dos meios para alcançar o objetivo de um mundo livre de armas nucleares”.
A iniciativa foi liderada pelo Cazaquistão para comemorar o encerramento do local de testes nucleares de Semipalatinsk em 29 de Agosto de 1991.
Desde 2010, o dia tem sido comemorado com diversas atividades em todo o mundo, como simpósios, conferências, exposições, concursos, publicações, palestras, transmissões de mídia e outras iniciativas.
Assembleia Geral
Nesta terça-feira, o presidente da Assembleia Geral, Csaba Korosi, falou sobre em plenária para a celebração do dia. Em sua mensagem, ele ressaltou que, globalmente, os gastos militares superaram os US$ 2,2 trilhões em 2022.
Ele avalia que o mundo está “mais perto do que em qualquer outro momento deste século da catástrofe global”.
Para Korosi, o investimento e a modernização contínua das armas nucleares são incompatíveis com os objetivos, aspirações e promessas. Ele adiciona que é necessária uma abordagem centrada no ser humano para o desarmamento.
Na mesma sessão, alta representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, reafirmou que a única forma de evitar a reversão dos ganhos obtidos pelo fim dos testes nucleares é pôr em vigor o Tratado de Proibição de Testes Nucleares.
Ela reforçou o chamado do secretário-geral para que os países assinem o documento para garantir que ele possa entrar em vigor e proteger os que sofrem com as consequências dos testes nucleares.