ECONOMIA
Número de falências e recuperações judiciais deve aumentar 29% no país este ano
Essa é a principal conclusão de estudo internacional da seguradora de crédito Allianz Trade
O número de falências e recuperações judiciais no país deve crescer 29% até o final deste ano, atingindo, pelo menos, 2,4 mil empresas, patamar que se situa, inclusive, acima da média global.
Essa é a principal conclusão do relatório elaborado pela seguradora de crédito Allianz Trade – responsável pela produção de um índice de insolvência global de negócios – cujos especialistas em economia e finanças classificam como baixo, porém, o nível de insolvência tupiniquim, que se insere no grupo restrito de países, como China e Itália.
Tal situação adversa para as empresas, acentua o diretor de risco da seguradora, Felipe Tanus, reflete o contexto de desaceleração econômica global, em meio à uma baixa demanda por commodities (que deprime as exportações de países emergentes, como o Brasil), juros elevados e persistência inflacionária, sintomas, por sua vez, decorrentes da crise pandêmica, quebradeira de empresas, seguida de aperto monetário pelos bancos centrais de várias regiões do planeta.
No nível mundial, a expansão da insolvência deve chegar a 21%, com destaque para a alta de 49% nos Estados Unidos e 24%, na Europa.
Ao apontar que metade dos países analisados deve ultrapassar os níveis de insolvência anterior ao período da pandemia, o relatório mostra que, nos EUA, o número de empresas insolventes – que perdem a capacidade de quitar seus compromissos financeiros – deverá passar de 20 mil, prenunciando o início de um processo recessivo na pátria ianque. Já no ‘velho continente’ esse contingente pode chegar a 59 mil empresas na França; 28,5 mil no Reino Unido e a 17,8 mil na Alemanha.
Contribui para manter a insolvência internacional, prossegue o estudo, o índice baixo de consumo, tendo em vista a expectativa de crescimento global, não superior a 2,2% este ano, insuficiente para aplacar o espectro recessivo planetário. A pesquisa vai além e condiciona que, tanto a Zona do Euro quanto os EUA, precisariam incrementar, entre 1,3 e 1,5 ponto porcentual seus respectivos produtos internos brutos (PIB), a fim de estabilizar o índice de insolvências.
Outra conclusão do estudo é de que a demanda fraca, pressão contínua de rentabilidade e colchões financeiros ineficazes são fatores que afetam a ‘resiliência’ de companhias mais frágeis e com menor poder de negociação de preços. Nesse perfil, estariam os segmentos varejistas de vestuário e eletrodomésticos; restaurantes, construção civil e bens de consumo durável.
Mesmo que a ‘sombra’ da recessão tenha se atenuado e os problemas de continuidade da cadeia de produção tenham sido relativamente superados, a maior parte das empresas continua enfrentando pressões contrárias à rentabilidade, devido ao aperto das condições de crédito, conclui o relatório da seguradora.