AGRICULTURA & PECUÁRIA
ILPF: proteína bruta do pasto aumenta com a presença de árvores, diz pesquisa
Confira os detalhes na entrevista com engenheiro agrônomo José Ricardo Pezzopane, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste
Uma pesquisa da Embrapa Pecuária Sudeste (SP) comprovou que o manejo das árvores é estratégico para garantir o equilíbrio em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) ou silvipastoril. Assista ao vídeo abaixo e confira os detalhes.
Quem detalhou a pesquisa foi o engenheiro agrônomo José Ricardo Pezzopane, pesquisador da unidade da Embrapa. Ele foi o entrevistado do Giro do Boi desta terça-feira, 12.
Para o especialista, além de manter a produtividade da pastagem e melhorar a qualidade da madeira remanescente, a forragem nesse sistema apresentou teor elevado de proteína bruta, quando comparada a um modelo pecuário tradicional, sem a presença do componente arbóreo.
ILPF mantém a produção de forrageiras em sistemas integrados
O avanço é importante porque manter a produção de forragem em sistemas integrados com árvores é um desafio para o produtor rural, uma vez que o desenvolvimento das pastagens depende da incidência de luz.
A diminuição da radiação afeta o crescimento dessas plantas, podendo ocasionar menor produtividade na pecuária.
Os sistemas silvipastoris são opções sustentáveis para o pecuarista realizar a intensificação das pastagens.
Árvores proporcionam mais bem-estar aos animais
Com as árvores integradas à pecuária, o produtor proporciona bem-estar aos animais e contribui para a remoção do carbono atmosférico e mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEEs).
Sem contar que o componente arbóreo é uma boa aposta para garantir créditos de carbono no futuro, uma nova alternativa de renda.
O trabalho, publicado no The Journal of Agricultural Science, concluiu que um pasto sombreado tem características nutritivas superiores e produtividade semelhante às de uma pastagem a pleno sol manejada da mesma maneira.
Aumento da produção da forragem com a ILPF
O manejo das árvores no sistema silvipastoril proporcionou aumento da produção da forragem em comparação aos anos anteriores.
Antes do desbaste, utilizando a média de duas estações – dois verões –, que a época mais produtiva da pastagem, a produção de forragem no silvipastoril foi 45% inferior ao sistema a pleno sol: 996 quilos por hectare contra 1,87 mil quilos por hectare, respectivamente.
Nos dois verões posteriores ao manejo, a produção foi bem diferente: quase 2 mil quilos por hectare no modelo integrado e 2,38 mil quilos por hectare a pleno sol. Segundo Pezzopane, não há diferença estatística nesse caso.
Práticas como o desbaste ou a desrama são opções para diminuir a competição por recursos entre o pasto e as árvores, garantindo uma produção equilibrada entre todos os elementos do sistema.
O manejo de árvores é uma prática estratégica para garantir o equilíbrio e a sustentabilidade dos sistemas ILPF. O desbaste das árvores é uma opção para aumentar a produção de forragem e melhorar a qualidade do alimento aos animais.