Saúde
É hora de repensar a definição de embrião humano, dizem especialistas
Os chamados “embriões sintéticos” têm-se parecido cada vez mais com os naturais.
O que é um embrião humano?
Anúncios recentes sobre a criação de modelos de embriões humanos, anteriormente chamados pelos cientistas de “embriões sintéticos”, levaram os especialistas a repensar a forma como definimos o que realmente é um embrião humano.
Os especialistas propõem uma definição do embrião humano que se concentre no que ele pode se tornar, e não em como ele surgiu.
A definição proposta é: “Embrião humano é um grupo de células humanas sustentadas por elementos que cumprem funções extra-embrionárias e uterinas que, combinadas, têm potencial para formar um feto”.
Essa mudança da definição permitiria aos cientistas pensar sobre as condições sob as quais estes modelos, se melhorados, poderiam eventualmente ultrapassar um ponto de inflexão e serem legalmente considerados embriões “verdadeiros”, com potencial para se transformar em um ser humano.
“A pesquisa com células-tronco permitiu a formação de modelos capazes de se organizar em estruturas que se assemelham rudimentarmente a embriões e refletem vários graus de completude e estágios de desenvolvimento.
“Estas novas propostas fazem parte de um esforço para trazer clareza às pesquisas em andamento – para classificar melhor os tipos de estruturas formadas em laboratório, para refinar a definição legal de embriões humanos e para identificar o que atualmente torna os modelos e embriões diferentes de um ponto de vista legal,” explica o Dr. Nicolas Rivron, da Academia Austríaca de Ciências.
Há certamente uma fronteira temporal onde os embriões devem deixar de ser cultivados em laboratório, embora o período preciso seja objeto de discussão entre os cientistas.
Ética em pesquisa
Estas novas propostas baseiam-se nas últimas diretrizes formais da Sociedade Internacional para Pesquisa em Células-Tronco (ISSCR), que foram emitidas em 2021 e tratam de avanços emergentes no campo, incluindo modelos de embriões baseados em células-tronco, pesquisa em embriões humanos, quimeras, organoides e edição do genoma.
As discussões sobre diretrizes atualizadas começaram após a formação de modelos de embriões de camundongos, em antecipação aos já esperados avanços nos embriões humanos.
As decisões sobre as regras de pesquisas em embriões hoje são orientadas pelas sociedades científicas, mas são, em última análise, da responsabilidade das autoridades e legisladores.
“Algumas nações pedem aos seus comitês éticos que adaptem ou implementem as diretrizes éticas estabelecidas pelas sociedades científicas sem legislar, enquanto outras preferem gravar decisões em um contexto regulamentar, por exemplo a regra do Reino Unido que restringe a cultura de embriões a 14 dias,” detalhou Rivron. “Diferentes abordagens permitem um nível diferente de flexibilidade à medida que a ciência avança.”
Além disso, o comitê de especialistas reitera que, de acordo com os Princípios Fundamentais da ISSCR, é dever dos cientistas garantir uma compreensão e percepção públicas precisas da embriologia humana utilizando modelos de embriões.