Internacional
ONU reforça apelo por força internacional para combater violência no Haiti
Chefe de direitos humanos diz que é preciso combater o “ciclo de violência que permeou todos os níveis da sociedade”; tema foi destacado por líderes que discursaram na semana de Alto Nível da Assembleia Geral; documento do secretário-geral da ONU classifica apoio externo como “indispensável”.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, emitiu nesta quinta-feira um apelo à criação de uma missão multinacional de apoio à segurança para ajudar a Polícia Nacional do Haiti “a combater o ciclo de violência que permeou todos os níveis da sociedade e exacerbou uma terrível situação de segurança.”
Para Turk, a situação no país caribenho representa uma “crise de direitos” e a cada dia a “vida do povo haitiano se torna ainda mais difícil.”
Saída para o caos
Ele afirmou que “com apoio e determinação internacionais, o povo haitiano pode enfrentar esta grave insegurança e encontrar uma saída para este caos”.
O ex-comandante da Força de Paz da ONU no Haiti, entre 2007 e 2009, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, conversou com a ONU News sobre uma possível abordagem para iniciativas de apoio externo ao país caribenho.
“A ajuda internacional, executada por qualquer organização, deve ter objetivos e orçamentos perfeitamente definidos com ampla publicidade, nível exemplar de responsabilização e coordenação pelo governo. O longo histórico de crises e interferências, não admite mais propostas de soluções já desgastadas, que não trazem benefícios concretos e duradouros ao povo do Haiti.”
O último relatório do Alto Comissariado sobre a situação dos direitos humanos no Haiti sublinha que o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança é essencial para ajudar a Polícia Nacional a combater o crime organizado, os bandos armados e o tráfico internacional de armas, drogas e pessoas.
Pessoas de uma comunidade afetada pela violência de gangues em Porto Príncipe fazem fila para comprar comida
Apoio internacional é “indispensável”
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, é essencial “tomar medidas concretas para conter a violência e a erosão das instituições do Estado no Haiti.”
No relatório sobre o país apresentado ao Conselho de Segurança em julho, o líder das Nações Unidas afirma que é fundamental que a comunidade internacional apoie o fortalecimento da polícia nacional, combatendo o tráfico de armas e os fluxos ilícitos e fortalecendo a prevenção da violência comunitária.
Guterres ressalta que o envio de uma força não pertencente às Nações Unidas “continua a ser indispensável para apoiar os esforços policiais e criar um ambiente propício à realização de futuras eleições.”
O documento aponta que a violência relacionada com gangues continuou a aumentar e se espalhou. Os residentes de bairros controlados pelos grupos criminosos continuam a ser vítimas de violência extrema, incluindo assassinatos, ferimentos, incêndios, sequestros, desaparecimentos e restrições de movimento.
Gravidade da situação
O perito designado pelo alto comissário sobre a situação dos direitos humanos no Haiti, William O’Neill, que visitou o país em junho de 2023, observou a gravidade da situação no terreno e a importância de primeiro estabilizar a segurança.
Entre 01 de janeiro e 15 de agosto de 2023, pelo menos 2.439 pessoas foram mortas, 902 feridas e 951 raptadas, afirma o relatório.
A alarmante escalada da violência registada desde o início de 2023 afeta agora todos os municípios da área metropolitana da capital haitiana, Porto Príncipe, incluindo alguns locais recentemente considerados seguros.