Internacional
ONU precisa de US$ 93,6 milhões para apoiar sobreviventes de terremotos no Afeganistão
Escritório para Assuntos Humanitários lançou plano de resposta para ajudar 114 mil pessoas na região de Herat; Programa Mundial de Alimentos, PMA, busca financiamento de US$ 19 milhões para fornecer assistência alimentar; país, já carente de recursos, foi afetado por três tremores em oito dias, deixando cerca de 100 mil pessoas vulneráveis
Em apenas oito dias, três terremotos de magnitude 6,3 abalaram a província de Herat, no oeste do Afeganistão, matando 2 mil pessoas e afetando 1,6 milhão. Os dados são do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha.
Nesta terça-feira, a agência lançou um Plano de Resposta ao Terremoto de Herat de US$ 93,6 milhões para apoiar 114 mil pessoas.
Efeitos do terremoto
No entanto, o apelo ocorre em meio a déficits crônicos de financiamento. Segundo o escritório da ONU, o plano atual recebeu apenas 30% dos recursos necessários até o momento.
O Ocha afirma que o terremoto inicial destruiu aldeias inteiras feitas de casas de tijolos de barro. Escolas e clínicas de saúde também foram devastadas.
Os habitantes das comunidades mais vulneráveis vivem ao ar livre, em abrigos improvisados, em temperaturas congelantes ligadas à chegada dos meses de inverno.
Os primeiros socorros, suprimentos médicos, alimentos, kits de higiene, abrigos de emergência e itens básicos para o lar fazem parte da assistência inicial fornecida.
No entanto, os danos aos pontos de água e saneamento levantam preocupações com surtos de doenças transmitidas pela água e outras doenças infecciosas. Com os sistemas de abastecimento danificados, há risco de doenças por contaminação.
De acordo com a ONU, o trabalho mais significativo para lidar com o terremoto acontece nos próximos 12 meses, na reconstrução da infraestrutura, principalmente de abastecimento de água e moradia.
Ajuda humanitária é fornecida a famílias no Afeganistão
Outros apelos
Diante da intensificação da crise humanitária no Afeganistão, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, lança um apelo urgente em busca de US$ 19 milhões para prover assistência alimentar na província de Herat.
A diretora adjunta do PMA no Afeganistão, Ana Maria Salhuana, ressaltou que, para auxiliar os sobreviventes, foi necessário realocar recursos de outros programas no país, que já se estavam severamente subfinanciados.
Ela destacou que desastres como os terremotos em Herat impactam comunidades que já enfrentam extrema dificuldade para garantir sua alimentação diária, empurrando-as para um estado de calamidade.
Este ano, no Afeganistão, o PMA teve que a suspender a assistência a 10 milhões de pessoas devido à escassez de recursos financeiros. Atualmente a agência só consegue apoiar uma em cada cinco pessoas que necessitam de ajuda alimentar para sobreviver.
Inverno
Além da resposta aos terremotos, o PMA precisa de US$ 400 milhões para fornecer alimentos antes dos meses de inverno que se aproximam rapidamente, quando as comunidades ficam isoladas devido à neve e deslizamentos de terra.
O Escritório para Assuntos Humanitários afirma que seu profissionais estão numa corrida contra o tempo para atender às necessidades das comunidades afetadas pelos terremotos antes da chegada da estação fria.
O Ocha afirma que as temperaturas noturnas já começaram a cair. Além das pessoas cujas casas foram destruídas, muitos afegãos, incluindo em Herat, estão dormindo ao ar livre com medo de que suas casas desmoronem com novos tremores.
A ajuda humanitária é enviada para o oeste do Afeganistão afetado pelo terremoto
Atuação da ONU
A ONU afirma que, ao lado de parceiros, continua a apoiar a resposta. Desde 7 de outubro, após o primeiro abalo, o PMA forneceu mais de 520 toneladas de assistência alimentar às áreas afetadas.
Parceiros de saúde estão fornecendo atendimento médico primário e apoio à saúde mental. Eles também forneceram kits de primeiros socorros para bebês e kits de dignidade para mulheres. Além disso, Instalações de saúde foram mobilizadas para apoiar a resposta.
A Organização Internacional para as Migrações, a Agência da ONU para Refugiados, o Fundo das Nações Unidas para a Infância e parceiros entregaram suprimentos e abrigos de emergência, água e banheiros móveis.