Internacional
Retomada de confrontos em Gaza limita auxílio humanitário
Conselho de Segurança aborda o tema em encontro fechado com a subsecretária-geral para Assuntos Políticos; comunidade humanitária diz que acesso ao norte da região está totalmente bloqueado; PMA alerta para iminência de fome na região
O número de vítimas e os danos em Gaza têm aumentado desde o reinício dos confrontos. Nesta segunda-feira, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU aborda o tema com a presença da subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo.
A reunião em portas fechadas foi convocada a pedido dos Emirados Árabes Unidos que consideraram “profundamente preocupante” a retomada dos confrontos e a contínua situação humanitária na Faixa de Gaza.
Fátima, de 6 anos, ao lado da irmã mais nova num dos abrigos da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Bloqueio total no norte da região
Pelo menos 316 pessoas foram mortas e 664 ficaram feridas em um período de 24 horas a partir de sábado, segundo o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha.
Pelos dados do Ministério da Saúde de Gaza, um soldado israelense morreu na região e outro não resistiu aos ferimentos contraídos em dias anteriores.
A circulação do pessoal humanitário é limitada e o acesso ao norte da região está totalmente bloqueado. Há relatos de bombardeios aéreos, terrestres e marítimos de forças israelenses e operações terrestres, além de confrontos e disparos de foguetes realizados por grupos armados palestinos contra Israel.
O Programa Mundial de Alimentos, PMA, alertou que as pessoas sobrevivem com uma refeição por dia quando é possível. A agência chama a atenção para o risco de fome e inanição, ao pedir acesso seguro e desimpedido para evitar a situação.
Bombardeios
De Gaza, o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, James Elder, publicou imagens em rede social pedindo o fim da morte “interminável de crianças” após uma noite de bombardeios que considerou “totalmente implacáveis”.
Sobre os efeitos nos civis, ele citou o exemplo de dois meninos próximos dele. Khaled e Hannah dormiam lado a lado quando o representante pediu que o “mundo observasse e orasse para que eles estejam vivos nos próximos dias.”
O Ocha confirmou que caminhões de ajuda transportando suprimentos humanitários entraram em Gaza a partir do Egito no domingo, mas ainda não há clareza sobre o número e conteúdo.
Com a abertura da fronteira egípcia foram evacuados 566 estrangeiros e pessoas com dupla cidadania. A passagem também foi usada para transportar 13 feridos e 11 acompanhantes e permitiu a entrada de 10 funcionários de auxílio.
Pessoas deslocadas caminham do norte de Gaza em direção ao sul, enquanto as ambulâncias se dirigem na direção oposta. (Foto de arquivo)
Evacuação imediata
A comunidade de ajuda informou que a região de Rafah foi a única que recebeu apoio limitado, principalmente farinha e água. No norte, o acesso a partir do sul foi interrompido após o reinício das confrontos na sexta-feira.
Autoridades militares israelenses designaram uma área para evacuação imediata que cobre cerca de 20% da cidade de Khan Younis.
A região marcada, que acolhia quase 117 mil pessoas, está em um mapa online publicado nas redes sociais. Cerca de 50 mil deslocados viviam em 21 abrigos, sendo a grande maioria pessoas que antes tinham sido deslocadas do norte.
O Ocha pede que as partes em conflito tomem todas as precauções possíveis para evitar ataques a civis de acordo com o direito humanitário internacional, e que em qualquer caso, minimizem os danos às populações.
Além das preocupações para evitar que a população seja atingida, o Ocha pede tempo suficiente para sua partida e a definição da rota e de um lugar seguro para onde as pessoas possam seguir.
O escritório defende que devem ser tomadas todas as medidas possíveis para garantir que os deslocados tenham segurança, abrigo, nutrição e higiene e que membros das famílias em movimento não sejam separados.