Saúde
Tratamento de ponta contra o câncer está causando câncer nos pacientes
Quando o tratamento faz mal
A autoridade de saúde dos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration) emitiu um alerta de segurança para um tratamento inovador que está sendo testado contra o câncer.
Os testes clínicos apontaram vários casos em que pacientes que receberam o tratamento anticâncer na verdade desenvolveram novos cânceres em razão do próprio tratamento.
Trata-se de uma imunoterapia conhecida como terapia com células CAR-T. O tratamento começa com a coleta de células do sistema imunológico do próprio paciente, chamadas células T, e sua modificação genética em laboratório para pretensamente torná-la capaz de detectar e atacar o câncer.
Apesar de vistas como promissoras pelos cientistas que as desenvolveram, essas terapias chamam mais atenção pelos preços exorbitantes, com os tratamentos custando na faixa dos US$ 500.0000 (cerca de R$ 2,5 milhões).
Estudos anteriores já indicavam que a imunoterapia contra o câncer limita sua própria eficácia.
Tratamento que causa câncer
Desde 2017, a FDA aprovou seis terapias comerciais com células CAR-T, todas voltadas para cânceres do sangue, como leucemias e linfomas. Mas os cientistas já estão testando versões dessa imunoterapia para uma série de outros tipos de câncer e também para doenças autoimunes.
Agora, a agência anunciou que as células T de alguns pacientes, na verdade, tornaram-se cancerosas após a manipulação em laboratório – as células quiméricas reinjetadas passaram a causar novos cânceres. Os casos ocorreram tanto em testes clínicos de terapias ainda sujeitas à aprovação, quanto de terapias já aprovadas e comercializadas.
“A FDA está investigando o risco identificado de malignidade de células T com resultados graves, incluindo hospitalização e morte, e está avaliando a necessidade de medidas regulatórias,” anunciou a agência.
Como os riscos desses tratamentos já eram conhecidos ou previstos, alguns cientistas estão tentando usar a inteligência artificial para identificar os pacientes que vão piorar com a imunoterapia.
Imunoterapias com risco de causar câncer
A agência afirmou que o risco de malignidades das células T é aplicável a todas as imunoterapias com células CAR-T autólogas geneticamente modificadas por tratamentos já aprovados, ou seja, tratamentos que continuam sendo comercializados.
Estudos anteriores já indicavam que a imunoterapia contra o câncer limita sua própria eficácia.
Ocorreram malignidades de células T em pacientes tratados com vários produtos da classe das imunoterapias. Os produtos atualmente aprovados nesta classe (listados em ordem alfabética por nome comercial) incluem os seguintes:
- Abecma (idecabtagene vicleucel)
- Breyanzi (lisocabtagene maraleucel)
- Carvykti (ciltacabtagene autoleucel)
- Kymriah (tisagenlecleucel)
- Tecartus (brexucabtagene autoleucel)
- Yescarta (axicabtagene ciloleucel)
Os pacientes e os participantes de ensaios clínicos que receberam ou estão recebendo tratamento com estes produtos deverão ser monitorados ao longo de toda a vida quanto a novas doenças malignas, determinou a FDA.