Internacional
Putin concorrerá à reeleição como “independente”
No poder desde 2000, Putin recebeu respaldo de 750 personalidades da política, cultura e esporte intimamente ligadas ao regime russo. Sufocamento da oposição faz com que a reeleição seja vista como garantida
O presidente russo, Vladimir Putin, concorrerá como candidato “independente” a um novo período à frente do governo da Rússia, informaram neste sábado (16/12) as agências estatais russas, após receberem o apoio de 750 personalidades da política, cultura e esporte íntimos ao regime do Kremlin.
O grupo tomou a decisão de apoiá-lo durante uma reunião realizada no salão de reuniões perto da Praça Vermelha.
“Por unanimidade! Viva!”, reunidos Mikhail Kuznetsov, chefe do comitê executivo da Frente Popular, plataforma eleitoral presidencial fundada por Putin em 2011. Os apoiadores do líder russo registraram a iniciativa junto à Comissão Eleitoral Central, um passo antes de instalarem as 300 mil assinaturas oportunas por lei para alguém concorrer à presidência como independente. As eleições são em março próximo.
Tal como nas graças anteriores, Putin contará com o apoio do partido do Kremlin, o Rússia Unida, que manifestará o seu apoio no congresso partidário a ser realizado neste domingo. Entre os que participaram do evento deste sábado estavam um dos dirigentes da Rússia Unida, Andrei Turchak, além do novo diretor do Teatro Bolshoi, Valeri Guerguiev.
O governante já usou diferentes táticas ao longo dos anos para se eleger. Ele concorreu como independente em 2018. Em 2012, concorreu como candidato do partido Rússia Unida, do Kremlin.
Controle total
“Mais de 3,5 milhões de membros do partido e apoiadores participaram na campanha eleitoral”, afirmou Turchak, garantindo o apoio do Rússia Unida ao líder.
Para Putin, de 71 anos, que governou a Rússia como presidente ou primeiro-ministro durante mais de 20 anos, a eleição é uma mera formalidade, uma vez que qualquer oposição de oposição é suprimida pelo seu regime.
Além disso, Putin conta com a máquina estatal e o apoio constante da imprensa, também controlada pelo Estado. O deputado Viktor But, antigo traficante de armas conhecido como “o comerciante da morte”, se diz convincente da vitória de Putin, enquanto o cineasta Nikita Mijalkov considera o presidente russo “o único, autêntico e poderoso líder da política mundial”.
Neste momento não se sabe quem serão os políticos que irão desafiar o inquilino do Kremlin no próximo ano, embora se espere que os comunistas apresentem o seu candidato, assim como os ultranacionalistas.
Na semana passada, os legisladores da Rússia definiram as eleições presidenciais do país para 17 de março, levando Putin um passo mais perto de um quinto mandato.
Críticos na prisão ou no exterior
No âmbito das reformas constitucionais que ele orquestrou, Putin é elegível para buscar mais dois mandatos de seis anos após seu mandato atual expirar no próximo ano, potencialmente permitindo-lhe permanecer no poder até 2036.
O controle que ele tem sobre o sistema político da Rússia previsto durante cerca de 24 anos não faz com que sua reeleição em março seja praticamente garantida.
Críticos proeminentes que poderiam desafiá-lo na eleição ou estão na prisão ou viver no exterior, e a maioria da mídia independente foi proibida.