Internacional
Novo estudo da ONU destaca níveis alarmantes de crise alimentar em África
Análise reflete visão global do panorama africano de segurança alimentar e nutricional este ano; diversas agências da ONU estão envolvidas em estudo que contou com a participação da Comissão e o Conselho da União Africana
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, lançou um novo relatório sobre a situação da segurança alimentar, apontando uma crise sem precedentes em África. A Comissão Econômica da ONU para a África, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e a União Africana estiveram envolvidos no estudo.
Intitulado “Panorama Regional Africano da Segurança Alimentar e Nutricional, Estatísticas e Tendências de 2023”, o relatório contém dados alarmantes sobre a insegurança alimentar e a subnutrição.
Panorama da Região
Em 2022, cerca de 30% das crianças menores de 5 anos tiveram atraso de crescimento devido à desnutrição.
Segundo o levantamento, quase 20% da população, que equivale a cerca de 282 milhões de pessoas, estão subnutridas, ou seja, 57 milhões de pessoas a mais desde o início da Covid-19.
Os dados apontam ainda que mais de um bilhão de pessoas não têm condições de pagar por uma dieta saudável.
O documento destaca que o continente continua fora do caminho para cumprir as metas de segurança alimentar e nutricional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, e as metas de Malabo de acabar com a fome e todas as formas de subnutrição até 2025.
Para a FAO e demais entidades envolvidas na elaboração do relatório, a deterioração da situação de segurança alimentar e a falta de progresso em direção às metas nutricionais globais reforçam que é imperativo intensificar esforços para se alcançar um mundo sem fome e desnutrição até 2030.
Amamentação exclusiva
O estudo lançado na Comissão Africana de Estatísticas Agrícolas da FAO e durante a conferência da ONU sobre clima, COP28, fez menção à intersecção crítica dos desafios climáticos e da insegurança alimentar.
O levantamento também indica preocupações de saúde específicas em cada subregião do continente.
A anemia entre as mulheres adultas continua acima da estimativa global sobretudo na África Ocidental e Central.
A prevalência do baixo peso dos recém-nascidos é elevada se comparada a estimativa global, enquanto a obesidade adulta na África Setentrional e Austral é quase dobro da estimativa global.
A amamentação exclusiva é elevada na África Oriental e progressos consideráveis foram alcançados na África Central e Ocidental desde 2012.
Dieta saudável
Segundo o relatório, a maioria da população africana, cerca de 78%, continua incapaz de pagar uma dieta saudável. A média global é de 42%.
O crescente custo médio de uma dieta saudável era de US$ 3,57 por pessoa por dia em 2021 no continente.
Uma cifra superior ao limiar de pobreza extrema de US$ 2,15 diários por pessoa, o que significa que tanto os pobres, como uma grande porção de pessoas definidas como não pobres, são incapazes de pagar uma dieta saudável em África.
A África Ocidental e Oriental registaram os maiores aumentos cumulativos no custo de uma dieta saudável entre 2019 e 2021. Segundo as agências, as conclusões do relatório proporcionam um impulso que pode ajudar a criar sistemas agroalimentares mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis para as pessoas e o planeta.