Internacional
Onda generalizada de saques preocupa agências humanitárias no Sudão
ONU integra parceria internacional pedindo ações contra atos que podem impedir fuga de civis; pessoas que conseguem deixar as áreas falam da falta de bens de primeira necessidade relatam choque e grande angústia quando chegam ao leste
Confrontos entre elementos do Exército e paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF, colocam os civis em risco no estado de Al Jazeera. O alerta é de entidades de auxílio que formam o Setor de Proteção do Sudão.
Agências da ONU integram a aliança de parceiros que sinaliza um aumento dos obstáculos para que as populações deixem as áreas afetadas pelo conflito com segurança.
Violência contra civis tentando resistir
Uma análise divulgada esta terça-feira, em Genebra, detalha uma série de roubos que acontece em mercados, bancos e residências ao longo da rota em direção segunda maior cidade sudanesa que registra violência contra civis.
Em nota separada, a Organização Mundial da Saúde, OMS, disse que o conflito forçou 70% das instalações do setor a encerrar ou cortar drasticamente os serviços nas zonas afetadas por conflitos a fechar. Mais de 11 milhões de pessoas ficaram sem ajuda médica urgente e a cólera se espalhou por nove estados.
Cerca de metade dos 525 mil deslocados internos que estavam abrigados na província de Al Jazeera se espalharam por localidades orientais como Medani Al Kubra, Al Hasahisa e Al Kamlin após confrontos que se agravaram há 10 dias.
Crianças vítimas de incidentes de violência sexual
Com o avanço das forças da RSF da capital Cartum para a cidade de Wad Madani, os saques foram numerosos. A situação foi acompanhada por detenções arbitrárias de pessoas alegadamente “associadas a filiações a certas entidades políticas”.
Entre os atos listados no relatório estão o sequestro de mulheres e meninas, além de registro de crianças vítimas de incidentes de violência sexual relacionados com conflitos.
Cerca de 300 mil civis fugiram de Wad Madani e de outras áreas de Al Jazeera nos primeiros dias da nova onda de combates. Várias pessoas sofreram barreiras significativas deixar a área tomada de controlo da região pelas RSF.
O documento cita relatos de vários afetados destacando que as restrições da circulação se devem à percepção da filiação política de alguns habitantes.
Auxílio humanitário às zonas marcadas pelo conflito
Diversos civis foram impedidos de fugir para um local seguro e estariam enfrentando a escassez de bens de primeira necessidade à medida em que o conflito se foi alastrando pelos arredores cidades com Sennar e Ad Doueim. Aqueles que conseguiram fugir para o leste se apresentam em estado de choque e grande angústia, revela o relatório.
A parceria destaca que além dos roubos impedirem a fuga dos afetados, eles não podem ter acesso a fundos e ao que precisam para sobreviver. Os confrontos e fragilidade barram o auxílio humanitário às zonas de conflito.
Além de impedir o afastamento das populações das zonas de conflito, a situação pode ampliar a exposição aos impactos do conflito e colocar riscos significativos de ficarem no fogo cruzado.
Declaração de Jeddah
O Setor de Proteção do Sudão apela às partes em conflito para que deem ordens de comando a todos os que atuem sob suas instruções, direção ou controle cumpram as disposições da Declaração de Jeddah. O entendimento entre as partes envolvidas visa atender às necessidades humanitárias e facilitar as atividades de auxílio.
Outro pedido é que as partes observem as obrigações do direito internacional humanitário e tomem todas as cautelas para proteger os bens e populações civis dos efeitos dos ataques.
A ideia é permitir aos civis que desejam fugir das zonas de conflito fazê-lo em segurança e para se absterem da pilhagem e da destruição de propriedade privada.