Internacional
Ataque a comboio humanitário em Gaza causa danos, mas não faz feridos
Veículos retornavam do norte usando rota designada pelo exército de Israel; subsecretário-geral expressa frustração com obstáculos para levar ajuda à região; conflito já causou pelo menos 21,1 mil mortos desde que começou em 7 de outubro
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, anunciou nesta sexta-feira que veículos transportando auxílio humanitário foram atacados por militares israelenses na Faixa de Gaza.
No incidente, “soldados israelenses dispararam contra um comboio de ajuda que retornava do norte de Gaza ao longo de uma rota designada pelo exército”. A equipe que liderava o grupo internacional não ficou ferida, mas um veículo sofreu danos, segundo o diretor de Assuntos da Unrwa em Gaza, Thomas White.
Bombardeio
Na quinta-feira, o bombardeio israelense continuou sendo realizado por vias aérea, terrestre e marítima na maior parte da Faixa de Gaza.
Grande parte das áreas foi alvo de intensas operações terrestres e combates entre as forças israelitas e grupos armados palestinos, exceto em Rafah. Nos últimos dias, a região mais densamente povoada de Gaza acolheu mais 100 mil pessoas, num movimento muitas vezes repetido por causa da intensificação de confrontos.
© Unicef/Abed Zagout
Agências internacionais destacam ainda que também tem sido observado o aumento do lançamento de mísseis por grupos armados palestinos contra Israel.
Com um total de 504 palestinos mortos até agora, especificamente na Cisjordânia, 2023 foi o ano mais fatal para os palestinos nessa área desde que o Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, começou a registrar vítimas, em 2005.
Frustração
O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários expressou frustração com os obstáculos no fornecimento de ajuda à Faixa de Gaza em meio a milhões de pessoas que passam fome e a continuação dos atos retaliatórios de Israel.
Em rede social, Martin Griffiths lista desafios como bombardeios constantes, comunicações deficientes, estradas danificadas, comboios atingidos e atrasos nos postos de controle.
O chefe humanitário da ONU destacou haver três níveis de inspeção antes de os camiões poderem entrar em Gaza onde há “confusão e longas filas” juntamente com uma “lista crescente de artigos rejeitados”.
A comunidade de auxílio reitera que o número de camiões que entram em Gaza não chega para satisfazer as necessidades básicas. Antes do conflito, a ONU entregava 455 caminhões diários de mercadorias comerciais para a região.
Cessar-fogo humanitário
A Unrwa alertou que a falta de acesso de ajuda coloca 40% da população de Gaza “em risco de fome” com as limitações de entrada de caminhões decretadas por Israel.
Na quinta-feira, a agência alertou que a área isolada enfrenta uma fome em níveis catastróficos, ao reiterar os apelos por um “cessar-fogo humanitário”.
Para o diretor de Assuntos da Unrwa em Gaza, Thomas White, “cada dia é uma luta pela sobrevivência, para ter comida e água”. Diante da necessidade de mais auxílio, ele disse que “a única esperança que resta é um cessar-fogo humanitário”.
A limitação de movimentos implementada por Israel desde o início do conflito, em 7 de outubro, privou os palestinos do acesso a alimentos, água, combustível e medicamentos. Estima-se que pelo menos 21,1 mil mortes teriam ocorrido desde que os combates começaram na Faixa de Gaza.
Na semana passada, o Conselho de Segurança adotou uma resolução para impulsionar a entrega de ajuda para a região.