Internacional
Ataques da Rússia na Ucrânia mataram pelo menos 96 desde o final de dezembro
Em meio a feriados de fim de ano e clima rigoroso do inverno, bombardeios aumentam número de fatalidades entre civis e deixam mais de mil cidades sem eletricidade e água; 69% de todas as vítimas civis são registadas nas regiões de Donetsk, Kharkiv, Kherson e Zaporizhzhia
Nas últimas semanas, a Ucrânia tem sofrido alguns dos piores ataques desde o início da invasão pela Rússia.
A afirmação é da subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, durante sua participação nesta quarta-feira em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito.
Data mais letal de 2023
DiCarlo afirmou que apenas entre 29 de dezembro e 2 de janeiro foram registrados 96 civis mortos e 423 feridos. Apenas no dia 29, ocorreram 58 mortes e 158 ferimentos, tornando a data a mais letal de 2023.
Ela disse que durante os feriados de fim de ano, ataques com drones e mísseis atingiram diversos alvos ao redor da Ucrânia.
Na região de Kherson, prédios residenciais e um centro médico, bem como uma estação ferroviária lotada com mais de cem civis aguardando evacuação, foram atingidos. Também foram relatados bombardeios quase diários em parte da região de Kharkiv.
Segundo DiCarlo, “os civis que vivem nas comunidades da linha da frente suportam o fardo mais pesado dos ataques com mísseis, drones e artilharia”. Ao todo, 69% de todas as vítimas civis são registadas nas regiões de Donetsk, Kharkiv, Kherson e Zaporizhzhia.
A subsecretária-Geral para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz, Rosemary DiCarlo, informa a reunião do Conselho de Segurança sobre a manutenção da paz e da segurança na Ucrânia
Riscos para crianças
A subsecretária-geral lembrou que “o impacto da guerra nas crianças é particularmente terrível”. Desde o início do conflito, quase dois terços da população infantil ucraniana foram forçadas a fugir das suas casas.
Estima-se que 1,5 milhões de crianças correm risco de stress pós-traumático e outros problemas de saúde mental.
Os recentes ataques russos danificaram ou destruíram pelo menos oito escolas e dez instalações de saúde, incluindo uma maternidade. No total, sete mil escolas permanecem inacessíveis às crianças, restringindo o seu direito à educação.
Conflito “sem fim à vista”
DiCarlo afirmou que Conselho o Conselho de Segurança já se reuniu mais de 100 vezes em vários formatos para discutir as consequências angustiantes da guerra na Ucrânia.
E, no entanto, o mundo está “à beira do terceiro ano do mais grave conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, sem fim à vista”, disse ela.
Desde o início da invasão em grande escala da Rússia, o Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos verificou 29.579 vítimas civis: 10.242 pessoas mortas, incluindo 575 crianças, e 19.337 feridas, incluindo 1.264 crianças.
A diretora de Operações e Advocacia do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Edem Wosornu, informa a reunião do Conselho de Segurança sobre a manutenção da paz e da segurança na Ucrânia
Inverno com 15°C negativos
Também presente na sessão do Conselho de Segurança, a diretora de Operações e Advocacia do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, afirmou que “não há trégua na morte, destruição, deslocamento forçado e sofrimento humano”.
Edem Wosornu disse que desde 29 de dezembro, é possível observar uma intensificação no conflito, com ataques aéreos em toda a Ucrânia causando mais mortes e feridos civis e danos e destruição generalizados em casas, escolas, hospitais, energia e outras áreas críticas infraestrutura civil.
Segundo ela, em todo o país, os ataques e as condições meteorológicas extremas deixaram milhões de pessoas, em um número recorde de mil vilas e cidades, sem eletricidade ou água no início desta semana, à medida que as temperaturas caíram para abaixo de 15°C negativos.
A representante do Ocha destacou que a última onda de ataques teve um impacto ainda maior nas operações de ajuda e afetou os profissionais humanitários.
O número de trabalhadores de ajuda humanitária mortos mais do que triplicou, passando de quatro em 2022 para 15 em 2023. Outros 35 ficaram feridos.