Saúde
Cor da luz não afeta tanto o relógio biológico quanto se pensava
Enquanto as pesquisas anteriores foram feitas em camundongos, esta foi feita em humanos – e os resultados diferiram frontalmente
Cor da luz e saúde
Os cientistas afirmam que luz demais noite a noite é ruim para dormir e para a saúde em geral, ao desregular a produção de melatonina e outros hormônios.
Mais recentemente, contudo, os experimentos começaram a mostrar que nem todas as cores da luz influenciam o sono e a saúde do mesmo modo.
Para esclarecer melhor o papel da cor na saúde, pesquisadores das universidades da Basileia e Técnica de Munique (Alemanha) compararam a influência de diferentes cores de luz no corpo humano. As descobertas contradizem os resultados de estudos anteriores feitos em cobaias.
“Um estudo feito em camundongos em 2019 sugeriu que a luz amarelada tem uma influência mais forte no relógio biológico do que a luz azulada,” contou a pesquisadora Christine Blume. Nos humanos, o principal efeito da luz no relógio interno e no sono é provavelmente mediado pelas células ganglionares sensíveis à luz. “No entanto, há razões para acreditar que a cor da luz, que é codificada pelos cones, também pode ser relevante para o relógio interno.”
Os fotorreceptores na retina primeiro convertem a luz em impulsos elétricos: Com luz suficiente, os cones permitem uma visão nítida, detalhada e colorida. Os bastonetes só contribuem para a visão em condições de pouca luz, permitindo distinguir diferentes tons de cinza, mas deixando a visão muito menos precisa. Os impulsos nervosos elétricos são finalmente transmitidos às células ganglionares da retina e, em seguida, através do nervo óptico, ao córtex visual no cérebro. Esta região do cérebro processa a atividade neural em uma imagem colorida.
A luz de LEDs e de OLEDs afeta corpo humano de formas diferentes.
Células ganglionares
Para chegar ao fundo da questão, os pesquisadores expuseram 16 voluntários saudáveis a um estímulo de luz azulada ou amarelada durante uma hora no final da noite, bem como a um estímulo de luz branca como condição de controle. Os estímulos luminosos foram concebidos de forma a ativar diferencialmente os cones sensíveis à cor na retina de uma forma muito controlada. No entanto, a estimulação das células ganglionares sensíveis à luz foi a mesma nas três condições. As diferenças no efeito da luz foram, portanto, diretamente atribuíveis à respectiva estimulação dos cones e, em última análise, à cor da luz.
Para compreender os efeitos dos diferentes estímulos luminosos no corpo, no laboratório do sono os pesquisadores determinaram se o relógio biológico interno dos participantes tinha mudado em função da cor da luz. Além disso, avaliaram quanto tempo os voluntários demoravam para adormecer e quão profundo era o sono no início da noite. Também foram avaliados o cansaço e a capacidade de reação, que diminui com o aumento da sonolência.
“Nós não encontramos nenhuma evidência de que a variação da cor da luz ao longo de uma dimensão azul-amarela desempenhe um papel relevante para o relógio interno ou para o sono humano,” disse Blume. Isto contradiz os resultados do estudo com camundongos mencionado acima. “Em vez disso, nossos resultados apoiam as descobertas de muitos outros estudos de que as células ganglionares sensíveis à luz são as mais importantes para o relógio interno humano,” completou.
Esta descoberta tem um impacto direto nas tecnologias de iluminação, mostrando que o projeto de novas lâmpadas e de efeitos de luz devem levar em consideração o efeito da luz nas células ganglionares, e não nos cones.