Quanto custa manter as Nações Unidas?

“O custo das operações das Nações Unidas representa cerca de 10% do valor do mercado global de batatas fritas”, explica o vice-porta-voz das Nações Unidas, Farhan Haq. 

A ONU, que possui a missão de enfrentar várias questões globais urgentes, de crises humanitárias a operações de manutenção da paz e a crise climática, tem anualmente seu orçamento aprovado na Assembleia Geral.

Financiamento da ONU

No final de 2023, os 193 Estados-membros que o compõem o órgão aprovaram o montante de US$ 3,59 bilhões para cobrir as despesas do Secretariado da ONU em 2024. Embora seja um número considerável, Farhan Haq, revela que há um grande retorno para cada dólar gasto.

Além do Secretariado, o Sistema das Nações Unidas é composto por agências, fundos, programas e missões de paz que tratam de diversas questões e são financiados separadamente.

“Quando você divide isso pelas 8 bilhões de pessoas do mundo, você tem um custo de pouco menos de US$ 0,40 por pessoa por cada ano de funcionamento da ONU. E se somarmos todas essas despesas, o orçamento regular e as forças de manutenção da paz, o custo anual médio para cada pessoa no mundo é de cerca de US$ 1,25”, explica Farhan.

Ele ainda lembra que trilhões de dólares são gastos nas máquinas de guerra do mundo enquanto os soldados de paz da ONU, por mais numerosos que sejam, representam apenas 0,3% dos gastos militares mundiais.

Qual valor cada país paga?

O valor das contribuições dos Estados-membros para o orçamento da ONU é baseado em uma fórmula complexa, que inclui o tamanho da economia de cada país, entre outros elementos. As contribuições variam de 22% do orçamento, pagos pelos Estados Unidos, a 0,001% desembolsado pelos países menos desenvolvidos.

Se o montante da dívida de um país for igual ao valor devido nos dois anos anteriores, ele perde o direito de voto na Assembleia Geral da ONU. O Estado-membro pode recuperar o poder de voto se o órgão fizer uma decisão especial ou se pagar o suficiente para ficar com uma dívida menor. 

Farhan Haq explica que, em termos reais, o orçamento não aumenta todos os anos, mas há momentos em que a ONU corta despesas para manter um crescimento real zero.

Em 2023, a ONU respondeu a crises em todo o mundo, incluindo inundações na Somália.

Prevenção de fraude 

A ONU conta com auditores internos e externos, como o Escritório de Serviços de Supervisão Interna, para investigar denúncias de fraudes internas ou corrupção. A principal supervisão, no entanto, é feita pelos Estados-membros da ONU, que aprovam o orçamento anual e garantem que as despesas do órgão estejam alinhadas com seus objetivos.

O vice-porta-voz da ONU explica ainda que as Nações Unidas buscam utilizar todo o seu dinheiro de maneiras verificáveis. 

Ele conta que as operações de manutenção da paz são supervisionadas para garantir que todos os países que contribuem com tropas e equipamentos sejam reembolsados pelo trabalho que realizam. 

Além disso, Farhan Haq afirma que ao enviar ajuda humanitária para os países, verificações são implementadas para assegurar que toda a ajuda chegue ao local necessário e não seja desviada.

Frente humanitária

No campo humanitário, a ONU fez um pedido adicional de US$ 3,77 bilhões em 2021 para ajudar 174 milhões de pessoas em 60 países, mas recebeu menos da metade desse valor. 

Segundo Haq, alguns apelos receberam apenas entre 20% e 30% das despesas. Ele explica que crises que recebem mais atenção mundial costumam ter níveis de investimentos mais altos. Outras, não tão visíveis nas notícias, recebem muito menos.

O auxílio humanitário, que abrange alimentação, água potável, abrigo e outros itens essenciais, é visto como um investimento nas pessoas e como um meio de construir um mundo melhor.

Para Haq, é necessário criar formas para que pessoas possam cuidar de si mesmas. “E é isso que tentamos fazer com o dinheiro que gastamos; quando você investe um dólar na educação de uma menina, está investindo em alguém que pode criar um futuro melhor para si mesma e para sua comunidade”, conclui.