Saúde
Musicoterapia: O que torna uma música mais curativa do que as outras?
Se o assunto são as terapias cognitivas, pode ser melhor escolher uma música animada
Musicoterapia
A proliferação das “músicas de cura” em sites como o YouTube e Spotify chamaram a atenção de Yue Ding e colegas da Universidade Jiao Tong de Xangai (China).
Apesar das evidências dos efeitos terapêuticos da música para problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático, não há consenso sobre o que define a música curativa, observam os pesquisadores.
Eles queriam, portanto, descobrir se a música de cura partilha certas características acústicas, independentemente do gênero musical, e se essas características são distintas daquelas encontradas na música normal.
A equipe começou compilando uma biblioteca musical de cura, baseando-se nas recomendações de 35 terapeutas, todos com vários anos de experiência, na prática e/ou pesquisa em musicoterapia. Isso produziu uma coleção de 165 peças musicais frequentemente usadas na prática terapêutica diária para problemas emocionais e outros problemas de saúde mental.
Diferenças técnicas
As músicas incluíram 9 gêneros diferentes: clássico, eletrônico, ritmo e blues, partituras de trilha sonora, popular, jazz, marcha, Nova Era e pop.
A análise de todas essas músicas de fato mostrou que existem três características acústicas potencialmente únicas na música de cura que transcendem os gêneros musicais. Essas características são o desvio padrão da rugosidade, média e entropia de período do terceiro coeficiente dos coeficientes cepstrais de frequência mel (MFCC3).
O desvio padrão da rugosidade descreve até que ponto a irregularidade ou aspereza percebida de um som se desvia da média; o MFCC captura a quantidade de energia em diferentes faixas de frequência, e entropia de período refere-se à aleatoriedade ou previsibilidade em padrões de componentes de frequência ao longo do tempo.
A equipe identificou critérios objetivos que tornam a música de cura mais eficaz.
Criar músicas que curam mais
Dada a capacidade da rugosidade de criar diferentes estados de espírito e respostas emocionais nos ouvintes, esta é uma característica perceptual essencial da música, dizem os pesquisadores: “Por exemplo, intervalos dissonantes em músicas com alta rugosidade podem evocar sentimentos de tensão ou suspense, enquanto intervalos consonantes em músicas com sons mais suaves podem evocar uma sensação de relaxamento ou resolução”.
“As implicações destas descobertas podem ser aplicadas em diversos contextos, como a musicoterapia para redução do estresse, saúde mental e gestão da dor crônica,” concluiu a equipe.