Saúde
Falta de foco não é falta de inteligência – é prova de um cérebro complexo
Veja 7 maneiras de domar sua mente errante e aumentar a concentração
Luta entra concentração e distração
Lembre-se do que acontece quando você almoça em um restaurante movimentado: música tocando, pessoas conversando alto umas com as outras, pratos fazendo barulho, o som da rua etc. É impressionante que consigamos nos concentrar o suficiente para conversar com quem está do nosso lado.
Experimentos mostram que as pessoas podem controlar separadamente o quanto se concentram (melhorando a informação relevante) e o quanto filtram informações irrelevantes (desligando a distração).
Agora, Harrison Ritz e Amitai Shenhav, da Universidade Brown (EUA), obtiveram o maior nível de detalhamento dos processos pelos quais o cérebro coordena essas duas funções críticas – concentração e distração.
“Da mesma forma que colocamos em ação mais de 50 músculos para realizar uma tarefa física como usar hashis, nosso estudo descobriu que podemos coordenar múltiplas formas diferentes de atenção para realizar atos de destreza mental,” disse Ritz.
Cérebro complicado
No experimento, voluntários completaram tarefas cognitivas dentro de uma máquina de ressonância magnética funcional, que monitorava sua atividade cerebral. Os participantes viam uma massa rodopiante de pontos verdes e roxos movendo-se para a esquerda e para a direita, como um enxame de vagalumes.
As tarefas, que variavam em dificuldade, envolviam distinguir entre o movimento e as cores dos pontos. Por exemplo, os participantes de um exercício foram instruídos a selecionar qual cor era a maioria para os pontos que se moviam rapidamente – a proporção real entre roxo e verde era quase 50/50.
“Em nosso estudo, o córtex cingulado anterior rastreava o que estava acontecendo com os pontos. Quando o córtex cingulado anterior reconhecia que, por exemplo, o movimento estava dificultando a tarefa, ele direcionava o sulco intraparietal para ajustar o botão de filtragem a fim de reduzir a sensibilidade ao movimento.
“No cenário em que os pontos roxos e verdes estavam quase em 50/50, isso também direcionou o sulco intraparietal para ajustar o botão de foco, a fim de aumentar a sensibilidade à cor. Agora, as regiões cerebrais relevantes ficaram menos sensíveis ao movimento e mais sensíveis à cor apropriada, para que os participantes fossem mais capazes de fazer a seleção correta,” detalhou Ritz.
Estes resultados destacam a importância da coordenação mental sobre a capacidade mental, revelando que uma ideia muito comum no meio científico é um equívoco. “Quando as pessoas falam sobre as limitações da mente, muitas vezes colocam isso em termos de ‘os humanos simplesmente não têm capacidade mental’ ou ‘os humanos não têm capacidade de computação’,” comentou Ritz. “Estas descobertas apoiam uma perspectiva diferente sobre por que não estamos focados o tempo todo. Não é que nossos cérebros sejam muito simples, mas sim que nossos cérebros são realmente complicados e é a coordenação que é difícil.”