Saúde
Precisamos conhecer as mudanças cerebrais na meia-idade
A ciência ainda não sabe caracterizar um cérebro na meia-idade, quando ele ainda está a pleno vapor, mas começa a declinar
Cérebro na meia-idade
O cérebro das pessoas na meia-idade pode fornecer uma janela para a saúde cerebral futura, de acordo com uma equipe internacional de cientistas, que destaca que mais pesquisas precisam ser dedicadas a este período da vida.
A equipe revisou evidências de estudos em humanos e animais que indicam que a meia-idade (comumente considerada como o período entre 40 e 60 ou 65 anos, dependendo da região) marca uma mudança no envelhecimento do cérebro. Durante este período, o cérebro passa por muitas alterações que podem afetar a memória e a aprendizagem, bem como estar ligadas a um declínio da função cerebral.
Existem algumas evidências de que as atividades físicas podem ajudar no envelhecimento saudável do cérebro, mas as pesquisas feitas até agora não são conclusivas, afirmam os especialistas, acrescentando que, no geral, este período da vida é um ponto de virada crucial, mas que tem sido historicamente pouco estudado.
E é importante estudá-lo porque isso pode ajudar a fornecer às pessoas ferramentas para reduzir o risco de múltiplos problemas futuros de saúde cerebral, como a demência.
A maioria dos estudos sobre a saúde cerebral e o declínio cognitivo concentram-se em grupos etários mais avançados, mas a esta altura as intervenções podem ter eficácia limitada. A triagem do risco de declínio cognitivo futuro poderia ajudar, permitindo que o tratamento começasse mais cedo, quando poderia ser mais eficaz. Mas isto exige uma melhor compreensão das mudanças cerebrais durante a meia-idade, identificando novos alvos para as intervenções, dizem os pesquisadores.
A equipe delineou os principais aspectos nos quais os cientistas deverão se concentrar.
Genética e diferença entre sexos
A meia-idade também está associada a alterações na expressão genética, tanto no cérebro como em outras partes do corpo. No cérebro humano, estudos mostram aumento da expressão de genes relacionados ao sistema imunológico e diminuição da expressão de genes sinápticos. Os autores também apontam evidências que sugerem que mudanças em outras partes do corpo podem prever a saúde e o funcionamento do cérebro.
Mais pesquisas também são necessárias para investigar as diferenças entre os sexos observadas no envelhecimento do cérebro, como é evidente na maior taxa de demência nas mulheres. Os pesquisadores também observam que será importante que estudos futuros diferenciem os processos que causam o declínio da saúde cerebral dos biomarcadores que refletem mecanismos compensatórios.
“Em última análise, os cientistas vão querer encontrar novos alvos terapêuticos para mitigar o envelhecimento cognitivo pouco saudável,” escreveu a equipe. “Argumentamos que a aplicação das tendências recentes na investigação sobre o envelhecimento a este período da vida poderia revelar novos biomarcadores e possíveis intervenções para combater o declínio cognitivo numa população global cada vez mais idosa.”