ECONOMIA
Câmbio: Dólar volta a superar R$ 5, impulsionado por fatores internacionais
O movimento ocorreu em antecipação aos dados de inflação dos EUA e ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell
O dólar fechou em alta de 0,74%, ultrapassando a marca de R$ 5,01, em meio a um contexto de fortalecimento global da moeda americana. Na semana, mês e trimestre, a moeda americana teve valorização de 0,32%, 0,81% e 3,34%, respectivamente.
O movimento ocorreu em antecipação aos dados de inflação dos EUA e ao discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, programado para amanhã, em um dia marcado pelo fechamento dos mercados devido ao feriado da Paixão de Cristo.
Fatores que influenciaram a sessão
O dólar abriu em alta e superou a marca de R$ 5 durante a manhã, impulsionado pela elevação dos Treasuries curtos, que estão mais conectados às expectativas sobre a política monetária americana. A recente postura enfática do diretor do Fed, Christopher Waller, e o crescimento do PIB dos EUA no último trimestre de 2023 contribuíram para esse movimento.
Fortalecimento do dólar
O fortalecimento global do dólar foi o principal fator por trás da depreciação do real, apesar dos ruídos políticos locais. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes, incluindo o euro e o iene, também registrou um aumento de mais de 3% no primeiro trimestre. Isso afetou não apenas o real, mas a maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities.
Comentários do presidente do Banco Central
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, observou que o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA continua elevado, o que não traz preocupações quanto à trajetória da taxa de câmbio. Ele destacou também a solidez das contas externas brasileiras, com superávits comerciais superando os US$ 80 bilhões.
Dados do fluxo cambial
Segundo informações do Banco Central, o fluxo cambial total até 22 de março é positivo em US$ 5,335 bilhões no ano, impulsionado pela entrada líquida de R$ 11,697 bilhões via comércio exterior, que mais do que compensou as saídas líquidas de US$ 6,362 bilhões na conta de capital.
Análise de especialista
Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, disse que o dólar opera de lado com o mercado ressabiado sobre quando se dará início ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.
Ele disse, ainda, que as opiniões divergem entre os investidores: há quem acredita na redução em junho, outros na reunião seguinte (julho) e os mais pessimistas só no próximo ano.
“Já existe um pequeno grupo pessoas de pessoas que acha que o Fed não vai baixar os juros em 2024, enquanto outros dizem os cortes começam apenas em julho”, contextualiza Nagem.