Saúde
Bactérias sentem quando seus parentes morrem. E se defendem
Quando as bactérias detectam a morte ou lesão de qualquer outra de sua espécie, elas se agrupam para formar um biofilme protetor.
Alerta de morte
Biólogos descobriram que a Vibrio cholerae, a bactéria por trás da doença da cólera, pode sentir quando seus parentes morrem.
A morte celular bacteriana é frequentemente acompanhada de um fenômeno chamado lise, quando a célula explode, liberando componentes celulares internos. Os pesquisadores descobriram que uma pequena molécula liberada durante essa lise celular é detectada pelo V. cholerae vivo, o que leva os sobreviventes a se agruparem, formando grandes comunidades conhecidas como biofilmes, para se protegerem.
“A nossa descoberta básica foi que as populações de bactérias podem alterar os seus comportamentos coletivos quando sentem a morte dos seus familiares,” disse o professor Jojo Prentice, da Universidade Carnegie Mellon (EUA).
“O aspecto mais interessante deste trabalho é que ele fornece uma conexão mecanicista entre o estilo de vida das bactérias e as ameaças que elas enfrentam na natureza, duas características de sua biologia que eram bem conhecidas por moldarem de forma independente sua evolução,” acrescentou o pesquisador.
Alerta de defesa
A equipe identificou o sinal de morte celular, chamado norspermidina, bem como o receptor, denominado MbaA, encontrado nas células de V. cholerae, responsável por detectar o processo de sinalização. Quando o receptor MbaA detecta a norspermidina extracelular, o sinal de morte, ele leva as células de V. cholerae a formar biofilmes, que protegem as células de ameaças ambientais generalizadas, como os bacteriófagos, os vírus que infectam bactérias e causam a morte celular.
Essa via funciona para a V. cholerae e para outras bactérias do gênero Vibrio, como a V. vulnificus, bactérias que podem levar à necrose e à morte. As bactérias do gênero Vibrio formarão um biofilme se qualquer outra bactéria do mesmo gênero for danificada.
“Este é um mecanismo tão simples que pode ser fundamental,” disse o professor Andrew Bridges, membro da equipe. “Queremos explorar quais outras bactérias também fazem isso. Além disso, queremos realmente saber o que mais é regulado por esses receptores além da formação de biofilme. Existem outros tipos de fatores de imunidade bacteriana que são regulados por essa lise celular?”