Internacional
Banco Central europeu faz 1º corte de juros desde 2019
Diante da desaceleração da inflação na União Europeia, órgão de política monetária do bloco opta por mudança de curso, diminui taxas em 0,25 ponto percentual e eleva previsão de crescimento para 2024
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros – o primeiro em cinco anos. Com isso, a taxa de referência na zona do euro agora é de 3,75%, a de refinanciamento ficou em 4,25% e a de empréstimos, em 4,5%.
A região tem penado com a inflação que persiste na região desde a pandemia de covid-19 e a invasão russa da Ucrânia. Para tentar conter a alta dos preços, o BCE elevou a taxa básica de juros diversas vezes a partir da metade de 2022.
Para 2024, o BCE projeta uma inflação de 2,5% – ligeiramente acima dos 2,3% previstos anteriormente e dos 2% fixados como meta. Em 2025, espera que esse índice recue para 2,2% e, depois, para 1,9% em 2026.
A zona do euro abrange 20 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta e Portugal.
Nessa área, a expectativa do BCE é que a economia cresça 1,4% em 2025 – um ponto abaixo do previsto em março. Para 2026, a projeção é de 1,6%. Em 2024, esse índice deve ficar em 0,9%, ligeiramente acima dos 0,6% inicialmente previstos.
Segundo o BCE, as “pressões inflacionárias arrefeceram, e as expectativas de inflação diminuíram em todos os horizontes”. Ainda assim, o banco alerta que os preços altos continuam a pressionar os consumidores, apesar de aumentos salariais sucessivos. “[O BCE] manterá sua política de taxas restritivas o suficiente pelo tempo que for necessário”, consta do comunicado divulgado pela instituição.
Futuros cortes ainda são incertos
Chefe do BCE, Christine Lagarde afirmou em uma entrevista coletiva que o ritmo de cortes futuros ainda é “muito incerto” e que ainda haverão muitos “solavancos no caminho”, ecoando avaliações de analistas de mercado, que não esperam uma série de cortes rápidos.
“A inflação persistente vai limitar o espaço para cortes adicionais da taxa, e o pronunciamento do BCE também não dá nenhuma pista sobre o caminho futuro que seguirá”, afirmou à agência de notícias AFP o economista Carsten Brzeski, do instituto de análise financeira e econômica ING.
O Banco Central americano (Fed) já sinalizou atraso nos cortes da taxa de juros perante a inflação persistente. O ECB poderia tentar desacelerar seus próprios cortes para também evitar a desvalorização do euro.